Fiquei assustada quando abri o jornal hoje e
vi a matéria:
"Grupos 'terroristas' de combate à anorexia dão resultado"... Critica-se tanto a agressividade dos veículos de comunicação em relação à influência de um corpo magro, a voracidade de uma cultura que prega a correspondência entre beleza e magreza e agora estamos falando de grupos terroristas de combate à anorexia? Achei tão agressivo quanto... Será que a resposta deve ser esta?Depois que eu
lí a matéria entendi do que se tratava. Os tais
atos terroristas são movimentos nos Estados Unidos que estão se organizando numa
luta anti-anorexia que surgiu em resposta aos blogs pró-ana e pró-mia. (leia sobre uma outra 'resposta'
aqui.)Segundo a matéria do G1, "enquanto os sites pró-
ana e pró-mia defendem que o transtorno alimentar seria, na verdade, um 'direito' e um 'estilo de vida', as iniciativas contrárias afirmam que as pacientes dessas doenças são vítimas de uma sociedade injusta que valoriza um padrão de magreza impossível de ser alcançado." O que ficou conhecido como “
ativismo pelo corpo” está sendo chamado de guerrilha
antianorexia. Uma das maiores iniciativas, o “
Body Project”, conta com mais de 1000 adolescentes que são estimuladas a pensar e a escrever sobre o assunto e a
idéia de que só as magras são felizes, numa tentativa de mudar alguns padrões.
Em uma fase seguinte, de acordo com a matéria, "elas fazem atos 'terroristas antitranstornos' para chamar a atenção: colocam bilhetes com a mensagem 'ame seu corpo como ele é' em livros de dieta e revistas de moda nas livrarias, escrevem mensagens positivas no espelho das escolas e enviam cartas de protesto para fabricantes de bonecas com medidas desproporcionalmente magras."

A iniciativa é legal... Mas a 'guerrilha' está mais voltada para a questão cultural e a influência da
mídia. É importante lembrar que a
mídia não é a única a ser responsabilizada nesse ponto. Existem vários outros
fatores, principalmente os psíquicos e familiares (leia sobre anorexia e psicanálise
aqui), que influenciam no desenvolvimento dos transtornos alimentares e que ficam num segundo plano quando a própria imprensa valoriza muito mais o poder e determinação da influência dos padrões estéticos. Este artigo do G1, por exemplo fala da cultura, dos modelos de beleza, cita a influência até de
fatores genéticos, mas nada tem a dizer sobre o desejo destas jovens (leia mais
aqui e
aqui), o significado do comer (leia mais
aqui.) ou suas relações familiares.
Mesmo assim a 'guerrilha/terrorismo' antianorexia parece estar dando algum resultado. Jamie Manwaring, pesquisadora deste trabalho afirma: “Ainda não sabemos se as iniciativas antitranstornos realmente podem conter esse efeito (comentando do efeito nocivo dos sites pró-ana e pró-mia), mas já detectamos que eles ajudam as mulheres que se sentem mal sobre si mesmas a ficarem um pouco melhor”
E no final das contas isso já é super importante!
.Confira a matéria
"Grupos 'terroristas' de combate à anorexia dão resultado, mostra estudo" na íntegra
aqui.
..................................................................Fernanda Pimentel