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29 de agosto de 2014

E se Freud tivesse atendido o "Pequeno Hitler"?

De acordo com historiadores da Psicanálise, Sigmund Freud teria sido consultado pelo médico da família Hitler, Dr. Ernest Bloch, sobre a instabilidade, condutas inapropriadas e terríveis pesadelos do pequeno Adolf, então com 6 anos. 
A recomendação foi "internação e tratamento" em uma instituição para crianças em Viena. Contudo, temendo que a equipe médica descobrisse os maus tratos sofridos pelo menino, o pai não seguiu a recomendação médica.


                                                                       Pequeno Hitler

Será que se o pequeno führer tivesse recebido o tratamento adequado, a história da humanidade poderia ter sido diferente? A Psicanálise poderia mudar o destino traçado pelo pai tirano?

E se Freud tivesse atendido Hitler? Teríamos acesso ao caso do "Pequeno Adolf", publicado em alguns dos 24 volumes de sua obra, como temos do "Pequeno Hans"? 





Veja a matéria de Enfoques:


La pesadilla de Hitler

Según un estudio reciente, en 1895 Sigmund Freud habría recomendado que el futuro Führer, entonces de años, fuera internado en un instituto de salud mental para ser tratado por su conducta patológica.
Mostruos y abismos invadían cada noche los sueños del pequeño Adolf
Un muchachito austríaco de seis años y gesto desafiante, el mentón elevado y la mirada firme, las piernas abiertas, los brazos cruzados, algo diferente del resto de sus compañeros de colegio, cambió con el tiempo la historia de Europa.
Hijo de Alois, un funcionario de aduana, y de Klara, una sufrida ama de casa, en 1895 Adolf Hitler no representaba nada, para el poder de Guillermo II en Alemania ni para el de Francisco José I, monarca del imperio austrohúngaro. Después de todo, sólo se trataba de un pequeño escolar que suficientes problemas ya tenía en su casa como para preocupar a tan importantes personajes que en aquellos días continuaban decidiendo el destino de gran parte del mundo, ya que sus guerras y reconciliaciones, sus tratados y sus ambiciones tenían un impacto profundo más allá de las fronteras, hasta ultramar.
Una reciente investigación realizada en Londres por el escritor de televisión Laurence Marks, que tuvo la colaboración de John Forrester, estudioso de Sigmund Freud y su obra, indica que el padre del psicoanálisis recomendó en 1895 que el pequeño Adolf fuese internado a los seis años en un instituto de salud mental para niños de Viena...

Conteúdo completo aqui

Fernanda Pimentel é psicanalista, tem mestrado em Psicanálise pela UERJ  e pesquisa sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.
http://fernandapimentel.com.br

11 de julho de 2013

Mostra Quentin Tarantino no CCBB


Na semana que vem, vai chegar ao Rio a Mostra Quentin Tarantino, no CCBB. Serão exibidos todos os filmes do cineasta, incluindo suas participações como ator e produtor, totalizando 19 títulos. 
E outra boa notícia é que o Cinepasse sai por R$6 ou 3 (meia) e vale pra TODOS os filmes da mostra! 

De 17 a 29 de Julho
*O CCBB agora não abre às TERÇAS
R$ 6 e R$ 3 (meia) – Você só paga uma vez para ir a todas as sessões!*
*CINEPASSE : Válido por 30 dias, para acesso às mostras de cinema, por meio de senhas. As senhas deverão ser retiradas 1 hora antes decada sessão (eu nunca tive problemas pra retirar mais perto da sessão começar, desde que hajam lugares livres, claro).

Programação Completa

17 de julho – quarta-feira
14h30 – Amor à Queima-Roupa (1993), 120 min, DVD, 16 anos
17h – Cães de Aluguel (1992), 99 min, 35mm, 18 anos
19h - Tarantino’s Mind (2006), 15 min, DVD, 14 anos + Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), 154 min, 35mm, 18 anos

18 de julho – quinta-feira
15h30 – Assassinos por Natureza (1994), 118 min, 35mm, 18 anos
18h – O Albergue (2005), 100 min, DVD, 18 anos
20h – O Albergue 2 (2007), 93 min, DVD, 18 anos

19 de julho – sexta-feira
14h – Dance me to the End of Love (1995), 6 min, DVD, 14 anos + Grande Hotel (1995), 98 min, 35mm, 16 anos
16h – Jackie Brown (1997), 154 min, 35mm, 16 anos
19h – Django Livre (2012), 145 min, 35mm, 16 anos

20 de julho – sábado
14h30 – Um Drink no Inferno (1995), 108 min, 35mm, 18 anos
17h – Um Drink no Inferno 2 : Texas Sangrento (1999), 96 min, DVD, 18 anos
19h – Sin City – A Cidade do Pecado (2005), 124 min, 35mm, 16 anos

21 de julho – domingo
14h30 – Kill Bill: Vol.1 (2003), 110 min, 35mm, 18 anos
16h30 – Kill Bill: Vol.2 (2004), 136 min, 35mm, 16 anos
19h – Bastardos Inglórios (2009), 153 min, 35mm, 18 anos

22 de julho – segunda-feira
15h – Jackie Brown (1997), 154 min, 35mm, 16 anos
18h30 – Grindhouse – À Prova de Morte + Planeta Terror , 191 min, Bluray, 18 anos

24 de julho – quarta-feira
14h30 – O Albergue (2005), 100 min, DVD, 18 anos
16h30 – Sin City – A Cidade do Pecado (2005), 124 min, 35mm, 16 anos
19h – Bastardos Inglórios (2009), 153 min, 35mm, 18 anos

25 de julho – quinta-feira
16h – O Albergue 2 (2007), 93 min, DVD, 18 anos
18h – Cães de Aluguel (1992), 99 min, 35mm, 18 anos
20h – Kill Bill: Vol.1 (2003), 110 min, 35mm, 18 anos

26 de julho – sexta-feira
15h – Um Drink no Inferno (1995), 108 min, 35mm, 18 anos
17h – Dance me to the End of Love (1995), 6 min, DVD, 14 anos + Amor à Queima-Roupa (1993), 120 min, DVD, 16 anos
19h30 – Kill Bill: Vol.2 (2004), 136 min, 35mm, 16 anos

27 de julho – sábado
15h – Um Drink no Inferno 2 : Texas Sangrento (1999), 96 min, DVD, 18 anos
17h – Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), 154 min, 35mm, 18 anos
20h – À Prova de Morte (2007), 114 min, 35mm, 16 anos

28 de julho – domingo
15h30 - Grande Hotel (1995), 98 min, 35mm, 16 anos
17h30 – Assassinos por Natureza (1994), 118 min, 35mm, 18 anos
20h – Planeta Terror (2007), 92 min, DVD, 18 anos

29 de julho – segunda-feira

14h - Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), 154 min, 35mm, 18 anos
17h – Django Livre (2012), 145 min, 35mm, 16 anos
20h – Tarantino’s Mind (2006), 15 min, DVD, 14 anos + Cães de Aluguel (1992), 99 min, 35mm, 18 anos

10 de abril de 2012

Psicanálise e Cinema - Encaixotando Helena


Adoro o que o intercâmbio entre cinema e psicanálise nos propicia. 
O filme Encaixotando Helena de Jennifer Chambers Lynch é um prato cheio para pensar as relações humanas e os extremos que o amor e a loucura nos faz chegar.

O LabConfins - Laboratório de Pesquisa e Trabalho Clínico em Psicanálise e Psicopatologia Fundamental - da UFF convida para a exibição do filme seguido por debate. 
O evento acontece no dia 16/04, as 18 hs, no Campus do Gragoatá, Bloco O.






3 de novembro de 2011

Debate: Psicanálise e criminologia na EBP - Rio


Lacan e o crime 
Responsabilidade, liberdade e gozo

Debate com Serge Cottet (membro da École de la Cause Freudienne e da Associação Mundial de Psicanálise) a partir do texto de Lacan: "Introdução teórica às funções da psicanálise em criminologia".
Coordenação: Romildo do Rêgo Barros

Data: Sexta-feira, 4 de novembro às 16hs.
Local: sede da EBP-Rio, Rua Capistrano de Abreu, 14 (Humaitá).
Informações: 2286-7993 ou  icprio@icprio.com.br

Organização: núcleo de Psicanálise e Direito do ICP-RJ

Vagas Limitadas!

Serge Cottet extrai questões preciosas do texto de Lacan ao se debruçar sobre os conceitos de responsabilidade, liberdade e gozo. Nosso convidado traz para o debate a propriedade do envolvimento da psicanálise com impasses sociais em torno de crimes e seus agentes, marcando os limites e as aberturas, clínicos e teóricos, que nos proporciona Lacan ao longo de seu ensino.

Após esta atividade haverá o lançamento do livro de Cottet: "Estudos Clínicos Freudianos" pela Contra Capa. 

Referências:
Lacan, J.  “Introdução teórica às funções da psicanálise em criminologia”, Outros Escritos, Rio de Janeiro, JZE, 2003.
Cottet, S. “Criminologia Lacaniana”, Entrevários: Revista de psicanálise, São Paulo, Centro Lacaniano de Investigação da Ansiedade, p. 85-104, n. 5, abr. 2010.
“Lacan e o crime” Curinga, Belo Horizonte, EBP-MG, n.29, p. 29-42, dez. 2009.

8 de dezembro de 2009

Programação de verão da Casa do Saber

A Casa do Saber já está divulgando sua programação de verão!

Veja os cursos:
O MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA - UMA SOCIEDADE DE PERVERSOS? - Os objetos tecnológicos oferecem ao sujeito de hoje a possibilidade, ainda que transitória, da recusa do sofrimento e da negação da morte. O mecanismo da “recusa”, de acordo com o pensamento de Freud, é a base do funcionamento da perversão. Este curso vai observar as características da subjetividade atual à luz das idéias da psicanálise. Tal estratégia servirá para investigar - diante do argumento de que o perverso, sendo amoral, não sofre de culpa - a qualidade específica do padecimento psíquico típico de nosso tempo e a pertinência de uma clínica psicanalítica para tratá-lo.

NIETZSCHE PARA O SÉCULO XXI - UMA NOVA AVENTURA PARA O PENSAMENTO
A filosofia de Nietzsche atravessa os séculos para interpelar nosso tempo. Imersos no excesso de informações que se sucedem velozmente, desafiando nossa memória, questões relativas ao corpo, à finitude e à memória nos inquietam especialmente. Nesse contexto, parece fundamental suspeitar de nossos valores e inventar novas perspectivas éticas. A leveza e a alegria da criança, em sua relação com o tempo e com a vida, perpassam a filosofia de Nietzsche, inspirando uma nova aventura para o pensamento, o que é a proposta principal deste curso.

Informações:
Tel.:
(21) 2227-2237 ou 222-SABER
Horário de funcionamento: segunda a sexta: 11h às 20h
inforio@casadosaber.com.br

22 de abril de 2009

Pedofilia

Reprisa este sábado, na GNT, às 10:30 e 15h o programa Marília Gabriela Entrevista que ninguém deve perder!
A apresentadora receberá o psiquiatra e psicanalista Cláudio Cohen e o promotor de justiça e mestre em Processo Penal José Reinaldo Carneiro, que falarão sobre pedofilia. No programa, Cohen, fundador do Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual (Cearas), revela que o centro propõe o tratamento de todos os membros das famílias nas quais ocorrem casos de abuso sexual. O psicanalista avalia ainda qual é o modo de tratar esse tipo de caso.

15 de abril de 2009

Violência contra a criança e o adolescente

Curso de Violência contra a Criança e o Adolescente – uma abordagem do IFF (Instituto Fernandes Figueira)

Temas
A violência em suas várias dimensões; os diferentes tipos de maus-tratos; dificuldades no diagnóstico da violência na infância e adolescência; a promoção da garantia dos direitos de crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos; o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Conselho Tutelar; a experiência do Núcleo de Apoio aos Profissionais que atendem vítimas de violência intrafamiliar; iniciativas exitosas no trabalho de prevenção e acompanhamento dos casos.

Público alvo
Equipe multiprofissional (saúde, educação, justiça, conselheiros de direitos e tutelares, entre outros) envolvida com o atendimento e prevenção da violência contra a criança e adolescente.

Período:
Segundas-feiras de maio de 2009
Horário: 09:00h às 17:00h

Local:
Centro de Estudos Olinto de Oliveira – IFF/FIOCRUZ
Av. Rui Barbosa, 716 – Térreo – Flamengo/RJ

Inscrições:
Preenchimento do formulário da ficha de inscrição (pessoalmente no local).
Sem taxa de investimento!
À partir de 01 de abril até preencher o número de vagas.
Horário: 9:00h às 16:00h.

30 de março de 2009

Psicopatas no divã

Esta entrevista da Revista Veja.Com sobre Psicopatas tem uma abordagem mais comportamental e biológica, um pouco diferente do que a psicanálise teoriza. Mesmo assim é uma grande leitura que esclarece alguns pontos importantes sobre o tema.
Divirtam-se...

Psicopatas no divã

O psicólogo canadense, criador de uma escala usada para medir os graus de psicopatia, explica por que uma pessoa aparentemente normal pode fazer as piores coisas sem sentir remorso.


"O psicopata é como o gato, que não pensa no que o rato sente. Ele só pensa em comida. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato"

O trabalho do psicólogo canadense Robert Hare, de 74 anos, confunde-se com quase tudo o que a ciência descobriu sobre os psicopatas nas últimas duas décadas. Foi ele quem, em 1991, identificou os critérios hoje universalmente aceitos para diagnosticar os portadores desse transtorno de personalidade. Hare começou a aproximar-se do tema ainda recém-formado, quando, trabalhando com detentos de uma prisão de segurança máxima nas proximidades de Vancouver, ficou intrigado com uma questão: "Eu queria entender o motivo pelo qual, em alguns seres humanos, a punição não tem efeito algum". A curiosidade levou-o até os labirintos da psicopatia – doença para a qual, até hoje, não se vislumbra cura. "O que tentamos agora é reduzir os danos que ela causa, aos seus portadores e aos que os cercam."

Um psicopata nasce psicopata?
Ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia. A psicopatia não é uma categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso, que varia para mais ou para menos.

O senhor é o criador da escala usada mundialmente para medir a psicopatia. Quais são as características que aproximam uma pessoa do número 40, o grau máximo que sua escala estabelece?
As principais são ausência de sentimentos morais – como remorso ou gratidão –, extrema facilidade para mentir e grande capacidade de manipulação. Mas a escala não serve apenas para medir graus de psicopatia. Serve para avaliar a personalidade da pessoa. Quanto mais alta a pontuação, mais problemática ela pode ser. Por isso, é usada em pesquisas clínicas e forenses para avaliar o risco que um determinado indivíduo representa para a sociedade.


Quando psicopata comete maldades?
Não necessariamente com o intuito de cometer a maldade. Os psicopatas apresentam comportamentos que podem ser classificados de perversos, mas que, na maioria dos casos, têm por finalidade apenas tornar as coisas mais fáceis para eles – e não importa se isso vai causar prejuízo ou tristeza a alguém. Mas há os psicopatas do tipo sádico, que são os mais perigosos. Eles não somente buscam a própria satisfação como querem prejudicar outras pessoas, sentem felicidade com a dor alheia.

Até que ponto a associação entre a figura do psicopata e a do serial killer é legítima?
A estimativa é que cerca de 1% da população mundial preencheria os critérios para o diagnóstico de psicopatia. Nos Estados Unidos, haveria, então, cerca de 3 milhões de psicopatas. Se o número de serial killers em atividade naquele país for, como se acredita, de aproximadamente cinquenta, isso significa que a participação desses criminosos no universo de psicopatas é muito pequena. Por outro lado, segundo um estudo do psiquiatra americano Michael Stone, cerca de 90% dos serial killers seriam psicopatas.

Em que medida o ambiente influencia na constituição de uma personalidade psicopata?
Na década de 20, John B. Watson, um estudioso de psicologia comportamental, dizia que, ao nascer, nós somos como páginas em branco: o ambiente determina tudo. Na sequência, entrou em voga o termo sociopata, a sugerir que a patologia do indivíduo era fruto do ambiente – ou seja, das suas condições sociais, econômicas, psicológicas e físicas. Isso incluía o tratamento que ele recebeu dos pais, como foi educado, com que tipo de amigos cresceu, se foi bem alimentado ou se teve problemas de nutrição. Os adeptos dessa corrente defendiam a tese de que bastava injetar dinheiro em programas sociais, dar comida e trabalho às pessoas, para que os problemas psicológicos e criminais se resolvessem. Hoje sabemos que, ainda que vivêssemos uma utopia social, haveria psicopatas.

Como se chegou a essa conclusão?
Na década de 60, vários estudiosos, inclusive eu, começaram a pesquisar a reação de um grupo de psicopatas a situações que, em pessoas normais, produziriam efeitos sobre o sistema nervoso autônomo. Quando se está na expectativa da ocorrência de algo desagradável, a preocupação do indivíduo transparece por meio de tremores, transpiração e aceleração cardíaca. Os psicopatas estudados, mesmo quando confrontados com situações de tensão, não exibiam esses sintomas. Isso reforçou a conclusão de que existem diferenças cerebrais entre psicopatas e não psicopatas. Pouco a pouco, essas diferenças vêm sendo mapeadas.

É possível observar sinais que indiquem que uma criança pode se tornar um adulto psicopata?
Não há nada que indique que uma criança forçosamente se transformará num psicopata, mas é possível notar que algo pode não estar funcionando bem. Se a criança apresenta comportamentos cruéis em relação a outras crianças e animais, é hábil em mentir olhando nos olhos do interlocutor, mostra ausência de remorso e de gratidão e falta de empatia de maneira geral, isso sinaliza um comportamento problemático no futuro.

Os pais podem interferir nesse processo?
Sim, para o bem e para o mal, mas nunca de forma determinante. O ambiente tem um grande peso, mas não mais do que a genética. Na verdade, ambos atuam em conjunto. Os pais podem colaborar para o desenvolvimento da psicopatia tratando mal os filhos. Mas uma boa educação está longe de ser uma garantia de que o problema não aparecerá lá na frente, visto que os traços de personalidade podem ser atenuados, mas não apagados. O que um ambiente com influências positivas proporciona é um melhor gerenciamento dos riscos.

Os psicopatas têm consciência de que são diferentes?
A consciência, o processo de avaliar se algo deve ser feito ou não, envolve não somente o conhecimento intelectual, mas também o aspecto emocional. Do ponto de vista intelectual, o psicopata pode até saber que determinada conduta é condenável, mas, em seu âmago, ele não percebe quão errado é quebrar aquela regra. Ele também entende que os outros podem pensar que ele é diferente e que isso é um problema, mas não se importa. O psicopata faz o que deseja, sem que isso passe por um filtro emocional. É como o gato, que não pensa no que o rato sente – se o rato tem família, se vai sofrer. Ele só pensa em comida. Gatos e ratos nunca vão entender um ao outro. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato.

É muito difícil identificar um psicopata no dia a dia?
Superficialmente, um psicopata pode parecer um sujeito normal. Mas, ao conhecê-lo melhor, as pessoas notarão que ele é um indivíduo problemático em diversos aspectos da vida. Ele pode ignorar os filhos, mentir sistematicamente ou apresentar grande capacidade de manipulação. Se é flagrado fazendo algo errado, por exemplo, tenta convencer todo mundo de que está sendo mal interpretado.

Um psicopata não sente amor?
Acredito que sim, mas da mesma forma como eu, digamos, amo meu carro – e não da forma como eu amo minha mulher. Usa o termo amor, mas não o sente da maneira como nós entendemos. Em geral, é traduzido por um sentimento de posse, de propriedade. Se você perguntar a um psicopata por que ele ama certa mulher, ele lhe dará respostas muito concretas, tais como "porque ela é bonita", "porque o sexo é ótimo" ou "porque ela está sempre lá quando preciso". As emoções estão para o psicopata assim como o vermelho está para o daltônico. Ele simplesmente não consegue vivenciá-las.

Que figuras históricas podem ser consideradas psicopatas?
É difícil dizer, porque seu comportamento é mediado por relatos de terceiros, e não por um diagnóstico psiquiátrico. Mas o ditador da ex-União Soviética Josef Stalin, por exemplo, era de tal forma impiedoso que talvez possa ser considerado psicopata. O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein é outro exemplo. Eu ficaria muito surpreso se ele não preenchesse todos os critérios para a psicopatia. Aliás, Saddam tinha um filho claramente psicopata (Udai Hussein, morto em 2003), dirigente de um time de futebol. Quando o time perdia, ele torturava os jogadores – ou seja, era sádico também. Já o líder nazista Adolf Hitler é um caso mais complexo. Ele provavelmente não era só psicopata.

A psicopatia é incurável?
Por meio das terapias tradicionais, sim. Pegue-se o modelo-padrão de atendimento psicológico nas prisões. Ele simplesmente não tem nenhum efeito sobre os psicopatas. Nesse modelo, tenta-se mudar a forma como os pacientes pensam e agem estimulando-os a colocar-se no lugar de suas vítimas. Para os psicopatas, isso é perda de tempo. Ele não leva em conta a dor da vítima, mas o prazer que sentiu com o crime. Outro tratamento que não funciona para criminosos psicopatas é o cognitivo – aquele em que psicólogo e paciente falam sobre o que deixa o criminoso com raiva, por exemplo, a fim de descobrir o ciclo que leva ao surgimento desse sentimento e, assim, evitá-lo. Esse procedimento não se aplica aos psicopatas porque eles não conseguem ver nada de errado em seu próprio comportamento.

No Brasil, os psicopatas costumam ser considerados semi-imputáveis pela Justiça. Os magistrados entendem que eles até podem ter consciência do caráter ilícito do que cometeram, mas não conseguem evitar a conduta que os levou a praticar o crime. Assim, se condenados, vão para a cadeia, mas têm a pena diminuída. O senhor acha que, do ponto de vista jurídico, os psicopatas são totalmente responsáveis por seus atos?
Eu diria que a resposta é sim. Mas há divergências a respeito e existem muitas investigações em andamento para determinar até que ponto vai a responsabilidade deles em certas situações. Uma corrente de pensamento afirma que o psicopata não entende as consequências de seus atos. O argumento é que, quando tomamos uma decisão, fazemos ponderações intelectuais e emocionais para decidir. O psicopata decide apenas intelectualmente, porque não experimenta as emoções morais. A outra corrente diz que, da perspectiva jurídica, ele entende e sabe que a sociedade considera errada aquela conduta, mas decide fazer mesmo assim. Então, como ele faz uma escolha, deve ser responsabilizado pelos crimes que porventura venha a cometer. Não há dados empíricos que deem apoio a um lado ou a outro. Ainda é uma questão de opinião. Acredito que esse ponto será motivo de discussão pelos próximos cinco ou dez anos, tanto por parte dos especialistas em distúrbios mentais quanto pelos profissionais de Justiça.

O senhor está para publicar um estudo sobre um novo modelo de tratamento para psicopatas. Do que se trata?
Trata-se de um modelo mais afeito à escola cognitiva, em que os pacientes são levados a compreender que até podem fazer algo que desejem, sem que isso seja ruim para os outros. Não vai mudá-los, mas talvez possa atenuar as consequências de suas ações. É um tratamento com ambições relativamente modestas – tem por objetivo a redução de danos.

Entrevista Robert Hare

10 de dezembro de 2008

Entrevista: Roudinesco - Parte 1

Tive a oportunidade de assistir a psicanalista e historiadora Elizabeth Roudinesco numa conferência este ano e passei a admirá-la mais ainda com sua clareza e facilidade de abordar assuntos tão complexos e difíceis.

Nessa entrevista para o Saia Justa, programa da GNT, ela mostra seu trabalho com o livro A Parte Obscura de Nós Mesmos (veja mais aqui) e dá um show falando sobre perversão.

Confira o video, que foi dividido em 4 partes.

8 de julho de 2008

Palestra na UERJ com Roudinesco


Tive a oportunidade de participar da palestra que aconteceu na UERJ, com Elisabeth Roudinesco, nesta última segunda-feira.
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Com o auditório lotado, pessoas sentadas nas escadas, corredores e algumas até em pé, a autora falou sobre perversão, tema de seu novo livro, e homossexualidade.
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Roudinesco diz que a perversão é um dos mais complexos e essenciais conceitos da psicanálise, mas também um dos mais maltratados e equivocados.
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Segundo ela, o termo perversão surge no século XIX designando um desvio ou transgressão à lei, algo anormal em relação à norma, e que tem sempre no horizonte, mesmo que não seja visível, algo de sexual.
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A homossexualidade, de acordo com a autora, já foi considerada a maior das perversões porque recusava a ordem procriativa considerada norma. Somente quando a sexualidade foi separada da reprodução, a homossexualidade deixou se ser considerada uma perversão.
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Outro ponto importante acontece quando Roudinesco afirma que não existe causa orgânica ou substratos biológicos para explicar a perversão. Diferente da Psicose, onde a medicação pode acabar com um surto, não se trata quimicamente zoófilos, pedófilos, necrófilos ou criminosos perversos.
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A autora afirma também que não existe homossexualidade entre os animais. Vários grupos de homossexuais tentaram ver isso na natureza para afirmar que a homossexualidade era "natural", alegando a postura de algumas espécies. Mas não é possível fazer este paralelo porque não se trata de uma escolha de objeto. Nos animais não existe uma escolha da ordem do desejo, nem uma construção homossexual ou heterossexual.
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"A perversão sexual é o tratamento do outro ser como objeto. Quando se nega o outro como sujeito". Além disso, Roudinesco afirma que o perverso é autônomo, não precisa de análise, geralmente tem um lado profissional bem sucedido, mas tem uma vida secreta, uma clivagem muito clara, uma passagem para a transgressão.

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1 de julho de 2008

Roudinesco vem ao Rio, para palestra sobre seu novo livro.

O Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ, o Escritório do Livro da Embaixada da França no Brasil e Jorge Zahar Editor convidam para a palestra Perversão e Homossexualidade, com Elisabeth Roudinesco, psicanalista, historiadora e professora da École Pratique des Hautes Études.
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Após a palestra, haverá sessão de autógrafos do livro"A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos"


.ENTRADA FRANCA!

O evento acontece no dia 7 de julho, segunda-feira, às 15h na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
R. São Francisco Xavier 524, 9o andar • auditório 91
Maracanã • RJ

Maiores Informações:
Tel (21) 2587-7911
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29 de junho de 2008

Livro: A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos


A psicanalista e historiadora francesa Elisabeth Roudinesco está lançando o livro A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos. (Jorge Zahar Editor)
A autora volta-se às origens do termo "perversão", na Idade Média, e vai mostrando que cada época trata da questão maneira diferente. Para fazer este percurso, aborda a história de personagens emblemáticos, como Marquês de Sade e Rudolf Höss, questões relativas ao nazismo, à pedofilos, à terroristas, flagelantes e sodomitas.

Com um ponto de vista que vai contra a eliminação da perversão, o que representaria destruir a distinção entre bem e mal que fundamenta a civilização, Roudinesco afirma que "os perversos são uma parte de nós mesmos, pois exibem o que não cessamos de dissimular: nosso lado mais sombrio."

Roudinesco participará da Festa Literária Internacional de Paraty, (que começa nesta quarta-feira, dia 2) com uma "reflexão sobre o bem e o mal na sociedade contemporânea” na Mesa O Espelho, no dia 3 de julho, quinta-feira, 11h45.

Veja a entrevista que a autora concedeu ao Jornal Estado de S.Paulo aqui.
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4 de maio de 2008

família

O jornal eletrônico Gazeta do Sul publicou hoje um artigo da psicanalista Tânia Baumhardt, membro do CEL – Centro de Estudos Lacaneanos e Especialista em Clínica pelo CRP que fala sobre a questão da família e do declínio da função paterna, assunto muito discutido nos últimos anos e ponto primordial na clínica psicanalítica.
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Crimes em família
"Os últimos acontecimentos noticiados pela mídia, a propósito da morte da menina Isabella, novamente causaram comoção geral. Fatos como este, em que o ato perverso é cometido dentro da própria família, costumam chocar mais intensamente. Isto porque, imaginariamente, a família é o lugar onde se cultiva o amor. A pergunta que todos se fazem, então, é: o que leva pessoas como Alexandre e Ana Carolina a cometerem esta perversidade?

Isto nos remete a algo que já foi abordado, desde os anos 30 do século passado, pelo psicanalista francês Jacques Lacan, quando este denunciava a decadência da metáfora paterna e seus dois efeitos possíveis: a Psicose e a Perversão.

Então, quando nos deparamos com algo que sugira o comparecimento da Psicose com efeito Perverso, isto causa indignação, mas não deveria causar surpresa. Até porque não há nada de novo nisto. Basta nos lembrarmos do bíblico ódio de Caim por Abel pela única razão de se julgar preterido, por ser Abel o filho preferido do Deus Pai. E também do sacrifício de Abraão, que mataria o filho “por amor a Deus”.

Conforme Lacan nos ensina, para que do complexo familiar não se originem filhos que se tornem sujeitos não nomeados (psicóticos) e/ou portadores do desejo anônimo (perversos), é preciso que a identificação viril seja transmitida pela metáfora paterna. Melhor dizendo, segundo a psicanalista Teresa Nazar: “Cabe ao pai não apenas suprir as necessidades materiais de sua prole, mas a função fundamental – e, talvez, menos evidente – de se constituir para seus filhos como marca originária da Lei. Por sua presença sob a forma dos limites que impõe ao filho, limites estes que se constituem como a Lei do seu amor, (o pai) vem mediar a passagem de cada um de seus filhos da vida familiar à vida social, do privado ao público, sendo ele o responsável pelos efeitos futuros desta potência que é a marca do seu nome, marca de seu zelo ou descuido na vida de seus descendentes.” E, como nos diz o professor Antônio Sérgio Mendonça, “será o lugar desejante de mãe que possibilitará que seja transmitida à filha a identificação viril por ser porta-voz de proibição e equivocação que marcam, singular e originalmente, o paradoxo simbólico da paternidade. A referência paterna é, por isto, só dita enquanto Não-do-Pai.”

Então, caso a metáfora paterna e a função de transmissão de Lei dela derivada decaírem, decairão também os limites sobre o desejo que lhe são próprios e em seu lugar virão o desejo anônimo (Perversão) ou a não-nomeação dos sujeitos (Psicose).

Assim sendo, o que pareceria um funcionamento irregular, desajustado, da estrutura familiar, estaria apenas revelando o que de verdade há sobre o funcionamento regular daquele tipo de estrutura familiar. E, é preciso que se diga, esta decadência da imago paterna e da Lei advinda dela não dependerá de uma discussão pedagógica, de se adotar diálogos sejam quais forem. Isto não quer dizer que diálogos não sejam importantes, mas eles não terão o efeito esperado se não vierem precedidos da identificação viril, do reconhecimento de que há Castração (do Pai). Não há diálogo capaz de substituir a exclusão da função paterna.
.....................................foto Anne Guedes.
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Trata-se, então, justamente, de afirmar a importância da transmissão simbólica da paternidade, o que se dá na infância, para que se possa transmitir falicidade e desejo e com isto os limites de Lei, que é o que irá proporcionar as condições de distinção entre deveres direitos e desejos. "
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