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15 de maio de 2020

"Serviços de saúde mental são parte essencial de todas as respostas governamentais à covid-19. Eles devem ser ampliados e totalmente financiados."

ONU alerta para aumento do sofrimento psicológico durante a pandemia

Fonte: DW

"Secretário-geral pede que governos e autoridades atendam às necessidades de saúde mental em meio à crise. "Mesmo quando a pandemia estiver sob controle, luto, ansiedade e depressão continuarão afetando a população."
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para um aumento de sofrimentos psicológicos atrelados à covid-19 e pediu a governos, sociedade civil e autoridades de saúde que atendam urgentemente às necessidades de saúde mental em meio à pandemia de coronavírus.
Em mensagem de vídeo com instruções políticas, o chefe das Nações Unidas disse que, "após décadas de negligência e subinvestimento em serviços de saúde mental, a pandemia de covid-19 agora está atingindo famílias e comunidades com estresse mental adicional".
Guterres apontou para "tristeza pela perda de entes queridos, choque pela perda de empregos, isolamento e restrições de movimento, dinâmica familiar difícil e incerteza e medo pelo futuro".
Segundo o secretário-geral, as pessoas que mais precisam de ajuda são os profissionais de saúde, idosos, adolescentes, jovens e aqueles com condições de saúde mental preexistentes, além dos envolvidos em conflitos e crises.
"Mesmo quando a pandemia estiver sob controle, luto, ansiedade e depressão continuarão afetando pessoas e comunidades", alertou Guterres. "Serviços de saúde mental são parte essencial de todas as respostas governamentais à covid-19. Eles devem ser ampliados e totalmente financiados."
Em um documento de 17 páginas, as Nações Unidas ainda enfatizaram que "a saúde mental e o bem-estar de sociedades inteiras foram severamente afetados por esta crise e são uma prioridade a ser tratada com urgência".
O texto diz ser "provável um aumento a longo prazo no número e na gravidade dos problemas de saúde mental", e alerta que, caso não sejam tomadas providências, a covid-19 "possui potencial para [se tornar] uma grande crise de saúde mental", assim como "uma crise de saúde física".
O documento menciona o sofrimento psicológico generalizado devido aos aspectos imediatos de saúde relacionados ao vírus, às consequências do isolamento social, ao medo de infecções, à morte e à perda de membros da família, ao distanciamento físico de entes queridos e à turbulência econômica.
"Desinformação e rumores frequentes sobre o vírus e a profunda incerteza sobre o futuro são fontes comuns de angústia", diz o comunicado da ONU. "Em todas as comunidades existem numerosos idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes que estão aterrorizadas e solitárias."
"As dificuldades emocionais de crianças e adolescentes são exacerbadas pelo estresse familiar, isolamento social, com alguns enfrentando aumento do abuso, interrupção da educação e incerteza sobre o futuro", prossegue o texto..
Segundo a organização, a maioria das necessidades de saúde mental permanece sem atendimento devido ao tamanho do problema. A ONU apontou para uma falta histórica de investimentos em cuidados de saúde mental e apelou por uma ampla disponibilidade de ajuda emergencial e apoio psicológico durante a pandemia.
Por fim, as Nações Unidas clamaram pelo desenvolvimento de serviços de saúde mental para o futuro, "a fim de apoiar a recuperação da sociedade da covid-19"."
Veja o vídeo no Twitter de Guterres: https://twitter.com/antonioguterres


Fernanda Pimentel é psicanalista, professora e pesquisadora. Doutora em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela UERJ
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

14 de maio de 2020

Como estão os adolescentes em tempo de pandemia?


Cada fase da vida se afeta de uma forma diferente com os acontecimentos de uma época, da mesma forma que tem seus recursos possíveis para lidar isso. A psicanalista Julieta Jerusalinsky fala do impacto da pandemia e do isolamento para os adolescentes. 






Fernanda Pimentel é psicanalista, professora e pesquisadora. Doutora em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela UERJ
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

13 de maio de 2020

Pesquisa indica aumento de depressão e ansiedade durante o isolamento


Apesar dos índices que indicam aumento de depressão e ansiedade neste período de isolamento social, quem recorreu a análise online apresenta menos sintomas e lida melhor com algumas dificuldades típicas deste momento.

Pesquisa da Uerj indicaaumento de casos de depressão entre brasileiros durante a quarentena

As incertezas com o novo coronavírus e as mudanças impostas pelo isolamento social vêm provocando sofrimento psíquico. Logo após a decretação da quarentena por causa da pandemia de Covid-19, o professor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), iniciou uma pesquisa sobre o comportamento dos brasileiros durante o isolamento. Os resultados mostram que os casos de depressão praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80%, nesse período.
Filgueiras coordena o estudo por meio do Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Esportiva (LaNCE), em parceria com o Dr. Matthew Stults-Kolehmainen, do Yale New Haven Hospital, nos EUA.  Para a realização da pesquisa, 1.460 pessoas em 23 estados e todas as regiões do país responderam a um questionário on-line com mais de 200 perguntas, em dois momentos específicos, de 20 a 25 de março e de 15 a 20 de abril.
De acordo com os dados analisados, as mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade durante a quarentena. Outros fatores de risco são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar. Já para depressão, as principais causas são idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.
De acordo com o professor Alberto Filgueiras, os resultados sugerem um agravamento preocupante. “A prevalência de pessoas com estresse agudo na primeira coleta de dados foi de 6,9% contra 9,7%, na segunda. Para depressão, os números saltaram de 4,2% para 8,0%. Por último, no caso de crise aguda de ansiedade, vimos sair de 8,7% na primeira coleta para 14,9%, na segunda coleta”, ressalta.



Por outro lado, a pesquisa sinaliza que quem recorreu à psicoterapia pela internet apresentou índices menores de estresse e ansiedade. Da mesma forma, aqueles que puderam praticar exercício aeróbico tiveram melhor desempenho do que os que não fizeram nenhuma atividade física, ou que praticaram apenas atividade de força.Mas Filgueiras faz um alerta, pois a pressão social pode acabar impondo mais estresse às pessoas, em tempos de isolamento. “Esse período da quarentena não é o momento de mudar seus hábitos radicalmente. Isso pode gerar ainda mais angústia. Respeite seu estilo de vida e seus limites”, reforça.
Nos próximos meses, a pesquisa terá continuidade com novos ciclos de aplicação do questionário, enquanto durar a quarentena.

Fernanda Pimentel é psicanalista, professora e pesquisadora. Doutora em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela UERJ
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.