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5 de junho de 2008

Mesa Redonda

Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro convida todos para a mesa redonda EDIPO REI - SUAS FIGURAS que acontece no dia 07 de junho, sábado, ás 10:30 hs.
O evento acontece na Sede da SPRJ, em Botafogo, Rio de Janeiro.
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ENTRADA FRANCA
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Maiores inromações e incrições
SPRJ
Rua Fernandes Guimarães 92, Botafogo - Rio de Janeiro
Tel: 2543-4998
e-mail: sprj@sprj.org.br
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Entrevista


O psicanalista, escritor e colunista Contardo Calligaris, que está lançando o livro 'O Conto do Amor' (Companhia das Letras), concedeu uma entrevista deliciosa para a Revista MarieCalire. Ele fala sobre sexo, gravidez, drogas, felicidade e mortalidade.
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MC: Seu livro conta a história de um homem que parte em jornada solo rumo à terra e ao passado de seu pai e, nessa viagem, acaba se descobrindo. Um livro que, da forma como li, fala de coragem e amor. É preciso ter coragem para amar?
CC: O maior ato de coragem é a coragem de amar. O amor é o grande agente de transformação, em todos os sentidos. Se a gente se transforma em alguma medida na infância é por amor pelos pais, se a gente se transforma numa terapia é por amor de transferência pelo terapeuta, se a gente se transforma numa amizade é pelo amor pelo amigo. O amor é o grande motor das transformações. O que não significa, e isso precisa ser dito em letras garrafais, que a gente possa entrar numa relação amorosa imaginando que possa transformar o outro, porque isso é uma merda garantida.
MC: Quantos casamentos?
CC: Como diria Clinton, defina casamento [ri].
MC: Mesmo endereço.
CC: [Contando] Um, dois, três... hummmm... sete.
MC: É impossível ser feliz sozinho?
CC: Não é impossível, mas é mais pobre, né? Acredito na monogamia e em mais nada. Mas acredito que, numa mesma vida, a gente possa ter muitas monogamias sucessivas. Não acredito na eternidade das relações, mas não tenho nenhum interesse pela idéias de me relacionar com várias pessoas ao mesmo tempo, nunca tive, nem quando jovem. Acho isso uma tremenda confusão inútil, até porque o mais interessante de uma relação é ir ao fundo, explorar tudo. Que dure seis meses ou 15 anos.
MC: O primeiro casamento foi onde?
CC: Aos 18 anos casei com uma americana que conheci em Roma durante um fim de semana. Ela era modelo, dublê e trapezista.
MC: A fantasia do macho moderno: modelo e trapezista.
CC: Pois é [ri]. Aí fui trabalhar fazendo traduções do inglês para o italiano e tentava me estabelecer como fotógrafo trabalhando à noite para a Anza, a agência de notícias italiana, revelando fotos para os jornais do dia seguinte. Tudo ia bem até meu pai dizer que eu podia ser o que bem entendesse, mas primeiro teria que fazer uma faculdade. Fui para Genebra, na Suíça, fazer Epistemologia (teoria do conhecimento) com o [Jean] Piaget. Quando terminei a faculdade, virei professor-assistente e comecei a viajar muito para Paris, onde também me analisava, porque no meio de tudo isso eu achei que estava precisando fazer análise. Mas nunca pensei em ser psicananalista. Só que aí fui me interessando e fiz meu doutorado em Psicologia Clínica.
MC: O mundo parece um lugar sem fronteiras para você.
CC: É que viajo desde criança. Meu pai tinha uma noção de férias que era viajar para lugares inusitados com a família. Então, fiz viagens absurdas na infância, como ir de carro de Milão para o Irã, de Milão para a Índia. Mas hoje as viagens de avião me cansam, principalmente depois de 11 de setembro. Hoje, viajo muito leve, só com a mala de mão. Não despacho nada, é intolerável perder mala. E eu convenço minha mulher a viajar só com mala de mão dizendo: 'O que você quiser a gente compra lá' [ri].
MC: A mulher é mais interessante do que o homem?
CC: Em muitos aspectos, sim, embora as coisas estejam mudando. Os homens estão ficando interessantes.
MC: Como assim?
CC: Os homens eram, até os anos 60, bastante previsíveis. Até ali, os homens tinham uma idéia relativamente clara a respeito do que era ser homem, uma coisa meio John Wayne. Parecia ser muito evidente o que se esperava de um homem, enquanto para as mulheres decidir o que é ser mulher sempre foi mais aberto.
'Pertencemos a uma sociedade na qual o olhar dos outros é importante para definir quem somos e onde nos situamos'
MC: Mais enigmático também?
CC: Enigma sob o ponto de vista masculino, aí pode ser. Porque aí entra aquela clássica preocupação masculina de: 'Não sei se consegui levar minha parceira ao orgasmo'. E como ele não viu o resultado direto, a ejaculação, ele se pergunta: 'O que será que uma mulher quer de mim?'. Sob esse ponto de vista, a mulher é um enigma.
MC: Ser homem não é tão simples quanto parece?
CC: Não, não é. Continuando com o sexo, uma grande parte de imaginário é: a ejaculação faz com que o gozo masculino pareça uma coisa simples, mas as coisas são infinitamente mais complexas porque um homem pode ejacular sem ter prazer nenhum, ou quase nenhum. O gozo não é demonstração de nada. Um homem pode ser anorgásmico, ou seja, não ejacular, e, mesmo assim, ter um imenso prazer na relação.
MC: Ou seja, existe uma simplificação do prazer masculino?
CC: Sim, a partir do fato de que: 'Ah, tá, tem aqui uma evidência do prazer, então tudo correu bem', como se o orgasmo fosse a única expressão do prazer sexual - e não é.
MC: Já a gravidez, esse privilégio feminino, é das coisas mais cheias de camadas psicológicas da natureza, não?
CC: A primeira coisa que costumo dizer é que o melhor filme sobre gravidez é 'Alien' [EUA, 1979]. Toda mulher grávida deveria ver. O filme trata de um fator que, no oba-oba geral ao redor da maternidade, é constantemente esquecido, que é: a vida estrangeira que se cria e se alimenta dentro da gente. Tem um aspecto reprimido, que tem a ver com a invasão do corpo por um outro ser que, é óbvio, está presente em toda gravidez e que pode facilmente tomar um viés persecutório. Tudo o que as mulheres vivem negativamente na gravidez, como a deformação do corpo, a invasão, e até o parto, que não é só uma experiência legal, claro que não é, pode ser analisado em 'Alien'. Então é um negócio enlouquecedor. A gravidez é, isso sim, uma puta aventura.
MC: A relação mãe e filha é das mais complexas da vida?
CC: Normalmente é. Muito freqüentemente é uma rivalidade que não acaba nunca. Mas a relação mãe e filho é facilmente patológica porque tem isso: você gerou uma coisa que você não é, o que dá uma certa sensação de completude. Ao mesmo tempo, você gerou alguém com quem poderia continuar reproduzindo sem precisar de mais ninguém, coisa que com uma outra mulher não será possível, então você poderia reiniciar a espécie humana com seu filho. Mas você tem toda a razão, a relação mãe e filha é muito complexa. Aliás, Freud dizia que tem três coisas impossíveis. Uma é psicanalisar, claro. A outra é governar, e a terceira é educar os filhos. Acho que ele cobriu tudo.
MC: É mais difícil envelhecer para a mulher do que para o homem?
CC: As mulheres têm essa tendência de achar que os homens de 50 e 60 se dão melhor na vida. Eles encontram mais parceiras, ou parceiras mais jovens, mas é um ponto de vista que me deixa um pouco perplexo. Por um lado, acho que existe um enorme trabalho para ser feito sobre a menopausa. A menopausa é, naturalmente, o fim da possibilidade de reproduzir, mas não tem nenhuma razão para se pensar que deva ser o fim da feminilidade, ou o fim da vida sexual. Mas, aparentemente, para muitas mulheres na menopausa existe uma sensação de que: 'Ah, tá, agora acabou a vida sexual'.
MC: Mas nossa cultura sugere a supervalorização do corpo jovem.
CC: Não sei quanto isso corresponde realmente ao desejo masculino. Um homem pode se interessar por uma mulher de 50 ou 60 sem problema nenhum. Essa idéia de que o homem seria irresistivelmente seduzido pela carne fresca é um pouco primária. Um homem é seduzido por coisas completamente diferentes. Por exemplo, por quem consegue entrar em seu universo de fantasias, o que não tem nada a ver com a idade. Sem contar que um homem pode até construir um fetiche ao redor dos supostos defeitos do corpo de sua parceria. Mas existem aqueles que, claro, têm problemas de afirmação narcisista em relação a outros homens: são esses que precisam da mulher-troféu para exibir aos amigos.
MC: Uma vez li um texto de uma afegã que dizia que se elas vivem sob a ditadura da burca, nós vivemos sob a ditadura do botox e da plástica e da maquiagem. É assim?
CC: Pode ser, mas, se tiver que escolher, ainda prefiro a nossa [ri]. Até porque o problema da burca é outro: eu não poderia viver sem me relacionar com o rosto da pessoa. Mas os valores de beleza não são fixos, então não sei se existe uma ditadura. Por outro lado, que exista uma certa ditadura da beleza, sendo que a definição de beleza muda, não me incomoda. Beleza não é necessariamente a simetria dos traços. A beleza pode ser completamente inesperada, pode ser a assimetria, pode ser uma cicatriz no rosto.
MC: Só que existe a forçação de barra em relação a um padrão.
CC: Mas que a gente tenha esse exigência social é uma conseqüência do fato de sermos uma sociedade em que o olhar dos outros é extremamente importante para definir quem somos e como nela nos situamos. É chato? Sim, mas acho muito interessante que a gente possa ser o que os outros vêem, não exatamente no sentido da mentira e da ilusão, mas no sentido de que a gente pode conquistar o olhar dos outros.
MC: Essa vida moderna, cheia de limitações e imposições, dificulta a busca da felicidade?
CC: Não tenho muito interesse pela felicidade. Eu vivi os anos 60, fiz tudo o que me interessava, passei um tempo na Índia e no Nepal, e poderia ter ficado por lá, nas drogas, se a felicidade me interessasse. Moraria até hoje em Katmandu, meio pelado, com os macacos, passeando pelas lojas que vendiam tudo o que alguém poderia querer, em várias qualidades e quantidades, a preço de banana. Se quisesse a felicidade, por que teria saído de lá? Não é a felicidade que me interessa. O que me interessa é a vida, é a intensidade das experiências, boas e ruins. Se tiver que curtir uma dor porque morreu meu pai, ou meu cachorro, ou me separei de alguém que eu amava, é para chorar mesmo, e chorar é legal, faz parte de sentir a experiência.
MC: A gente não sabe sofrer, é isso?
CC: Ou isso ou a gente foi convencido pela idéia de que o sofrimento não deve fazer parte de nossas vidas. Isso é um aspecto psiquicamente higienista. Uma espécie de intervenção médica em cima da nossa vida. É extremamente desagradável essa idéia de que o sofrimento seja considerado patológico, isso é uma loucura. Claro, é evidente, se alguém considera se matar porque perdeu o relógio, aí existe uma desproporção, mas a idéia de dizer: 'Ah, morreu seu pai e eu vou medicá-lo para que você atravesse o luto corretamente' acho um absurdo, uma merda.
MC: Uma merda que não tem solução, já que vivemos em um mundo no qual a indústria farmacêutica precisa da doença para sobreviver.
CC: Sim, mas, por outro lado, essa indústria já operou prodígios e hoje cura doenças que eram incuráveis. Veja, eu tenho a tendência de avaliar a sociedade em que vivemos com os valores dos anos 70, que foram aqueles que me influenciaram. Então, tomemos, por exemplo, o sexo. O mais extraordinário instrumento de controle sobre a vida sexual foi produzido pela aids, e isso é uma coisa que se fala muito raramente. A gente se esquece de que tem aí pelo menos duas gerações que transam de uma maneira exótica e inusitada. Tudo bem, camisinha é legal e obrigatório, por mais que o Papa ache que não. O problema é que a maneira de transar mudou completamente. Com camisinha, primeiro você tem que ter uma ereção, depois coloca, depois penetra, depois tem que ficar até gozar, depois tira e joga fora e aí acabou e cada um vai tomar banho. Mas antes disso transar era ficar ali por 20 minutos, pára, bate um papo, toma um café, se beija, se chupa, explora... era uma dinâmica completamente diferente. A relação com o corpo do outro era completamente diferente. As relações sexuais se tornaram caretas e pragmáticas.
MC: As personagens femininas do livro são muito marcantes. Em quem foram inspiradas?
CC: A personagem central foi inspirada em minha mãe.
MC: Uma mulher forte, imagino.
CC: Meus pais tiveram que fugir do fascismo e foram para as montanhas porque meu pai estava sendo perseguido e, se fosse pego, seria fuzilado, deportado etc., aquelas coisas menos agradáveis do que ir para as montanhas [ri]. Eles fugiram com o meu irmão, que tinha 1 ano. Passaram o inverno de 44, que foi um inverno particularmente rude, acima de 1.800 metros, acampados em áreas de resistência. Eles ficaram ali até a chegada dos aliados, que determinou o fim da guerra, em 45. Mas, para uma moça de 19 anos, da classe média de Turim que, até a guerra, jogava tênis e estudava grego antigo todos os dias, passar por isso durante o inverno com um menino de colo é um negócio curioso. Revela força de caráter especial.
MC: Você não passou por isso?
CC: Eu nasci bem depois da guerra, em 48. Mas a Itália ainda era um lugar diferente. Na minha rua, a cada duas ou três casas, uma era escombro. Milão, onde nasci, tinha sido fortemente bombardeada. Então, eu era um garoto cercado por uma grande penúria, por um mundo em que os antibióticos eram coisa rara e a comida não era tão disponível.
'Os médicos me disseram que eu tinha dois anos de vida. Tive que fazer um balanço e pensei: 'Foi bom!''
MC: Você se tornou um cidadão do mundo muito cedo na vida, não?
CC: Aos 14 anos, mais exatamente, quando fugi de casa.
MC: Fugiu de casa?
CC: Fui para Londres. Meu filho nunca fez nada parecido, graças a Deus [ri].
MC: Seus pais te maltratavam?
CC: [Ri] É que estava muito apaixonado por uma moça canadense que estava morando em Londres. Tinha ido passar as férias de verão em Londres e lá a conheci. Achei que era uma grande história de amor e nem cogitei pedir a meus pais que me deixassem ir morar em Londres, não haveria negociação possível. Então, voltei para Milão, fiz minha mala e fugi para ficar com ela.Eu sempre fui assim. Uma hora, voltei para casa.
MC: Depois de quanto tempo?
CC: Depois de um ano. Ela voltou para o Canadá e eu não sabia o que fazer em Londres sem ela. Liguei para os meus pais e eles me mandaram uma passagem de volta em um trem de segunda classe [ri]. Bom, mas eu lembro que estava com muita fome, porque estava sem dinheiro há vários dias, e que meu irmão, quando soube que eu estava voltando, pegou seu carro, que era um Fiat 500, e dirigiu até a fronteira só para me entregar um sanduíche. Esse foi o grande ato de amizade de meu irmão comigo.
MC: Como você se sustentou em Londres com 14?
CC: Lavei pratos em Baker Street, vendi pulôveres em frente ao British Museum, chamei clientes italianos e franceses na frente de uma boate de strip-tease no Soho à noite...
MC: Era um rebelde sem causa?
CC: Eu adorava os meus pais, me dava superbem com eles, nada me incomodava. Apenas queria viver esse amor, e esse amor estava em Londres e era para mim muito mais importante do que a escola ou outra coisa qualquer.
MC: Você gosta da frase de Lacan que diz: 'A gente não aguentaria nossas vidas se não tivesse certeza de que vai morrer'?
CC: Muito. E contrariamente do que possa parecer, não acho essa frase depressiva, porque não acho a morte uma coisa horrorosa. Claro que a gente pode ser tomado por um grande desconforto quando pensa que a vida vai acabar, no sentido de tentar entender o que foi isso e o que passamos aqui. Mas nós somos tomados pela idéia de que o sentido da vida é a duração dela. Ou seja, a vida só teria sentido se durasse para sempre.
MC: Isso se reflete no amor?
CC: A gente fala de uma relação fracassada porque durou apenas seis meses, ou apenas dois anos. 'O meu casamento fracassou porque durou apenas cinco anos.'Quem disse que a duração é um índice da qualidade do relacionamento? E isso vale para a vida. O que faz uma vida valer a pena ou fazer sentido é a qualidade do que foi vivido. Eu levanto para os pais de adolescentes essa questão. Eles estão sempre tentando entender o que devem fazer para que o filho se prepare para o futuro. Isso, claro, é crucial, mas por outro lado a gente nunca deve perder de vista que os filhos não estão se preparando para o futuro, eles estão vivendo agora, a vida deles é agora. Então vale a pena sempre pensar: 'E se meu filho morresse amanhã, qual o balanço da vida dele?'. É doloroso, mas é importante.
MC: A morte não mete medo?
CC: Há dez anos tive um diagnóstico chato, apavorante, que, graças a Deus, não deu em nada. Mas tive que encarar, fazer uma cirurgia e só aí o médico disse: 'Olha, desculpa, a gente abriu por nada, não tinha nada'. Tá certo, melhor assim. Mas, durante meses, achei que ia viver no máximo dois anos, era o que os médicos diziam. Foi uma experiência interessante porque tive que considerar que morrer ia ser triste, mas que, por outro lado, tinha feito coisas bacanas. Claro que tinha coisas que eu gostaria de fazer e não ia mais dar tempo, como, por exemplo, escrever esse romance. Mas, no fundo, a idéia que ficava é a de que tinha sido uma puta jornada. Eu ia embora em paz. Então, talvez morrer não seja tão ruim assim [ri].
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Clique aqui e confira a estrevista de Calligaris no Programa do Jô.
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4 de junho de 2008

Programa de TV

A beleza é fundamental? Veja o que as celebridades e pessoas comuns fazem (e o preço que pagam) para estarem cada vez mais bonitas...
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Estréia hoje na Fox Life o programa “Extreme Celebrities” que vai falar do lado mais extremo e destrutivo de algumas celebridades de Hollywood. O que isso tem a ver com o ViaFreud? É que neste primeiro episódio o tema é beleza, dietas, cirurgias estéticas e transtornos alimentares. Através da vida de algumas atrizes e cantoras que vem mostrando um corpo cada vez mais frágil, o programa promete discutir a corrida contra o tempo, a beleza a qualquer custo, amagreza excessiva, os procedimentos bizarros e os danos que isto causa não só à estas mulheres, mas também à toda uma cultura ditada pela mídia, onde estas mulheres são os modelos.
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Ainda não assisti. Pode ser que não seja grande coisa... Mas o tema é sempre interessante!
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Horários de exibição na Fox Life:
04/06 - 11:00 h
05/06 - 2:00 h
11/06 - 11:00 h
12/06 - 2:00 h


Já que o assunto é celebridade e seus corpos esquálidos... Aí está uma imagem que eu recebi essa semana: Uma realidade meio tragicômica...

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Pra fazer pensar...

................................... .S. Freud, de Andy Warhol


"O poeta, ouvimos dizer, deve evitar todo contato com a Psiquiatria e deixar ao médico o cuidado de descrever os estados patológicos. Mas, em realidade, todos os poetas dignos de tal nome transgrediram este preceito e consideraram como sua missão verdadeira a descrição da vida psíquica dos homens, chegando a ser, não poucas vezes, precursores da ciência psicológica.Por outro lado, o limite entre os estados anímicos normais e os considerados patológicos é tão convencional e variável, que seguramente todos e cada um de nós já o ultrapassou várias vezes ao longo de cada dia."
.........................S. Freud
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3 de junho de 2008

mais Birman...


O Polo de Pensamento Contemporâneo é um espaço de estudo, discussão e convívio intelectual. Seu foco primordial é voltado para o repertório de inquietações intelectuais e existenciais de nossa época, buscando atender a uma demanda expressiva: o desejo de construir modos eficazes de observação e análise da realidade. Com este objetivo, oferece cursos, oficinas e exposições sempre muito interessantes.
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O curso abordará como o conceito de memória – tal como foi delineado pelo discurso freudiano na constituição do conceito de inconsciente – desdobrou-se numa leitura do psiquismo como arquivo. Nessa perspectiva, veremos o quanto o discurso psicanalítico estabeleceu uma interlocução em surdina com o da história, levando à constituição da arqueologia como metáfora para a psicanálise, à problemática da origem e ao conceito de repetição. O curso tratará da mediação desse conceito e do deslocamento da psicanálise, que passou do registro da história para o da genealogia, pela qual a oposição entre a repetição do mesmo e a repetição da diferença lança o sujeito numa outra relação entre os tempos passado, presente e futuro.
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20 junho
A invenção do campo do inconsciente e do lugar atribuído ao fantasma. O deslocamento do psiquismo da representação clássica da memória e da origem. As concepções de Freud, Lacan e Foucault.
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27 junho
O deslocamento do discurso psicanalítico do registro da repetição do mesmo (retorno do recalcado) ao da repetição da diferença. As concepções de Freud, Lacan e Deleuze.
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04 julho
A leitura de Freud por Derrida – os conceitos de traço, escrita, arquivo e mal de arquivo.
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11 julho
As relações entre as concepções de arquivo e de mal de arquivo e suas relações com a questão do poder, tal como conceberam, diferentemente, Derrida e Foucault. O deslocamento do campo da história para o da genealogia.

4 aulas às sextas-feiras, das 19:30hs - 21:30hs.
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Informações:
POP – Pólo de Pensamento Contemporâneo
Rua Conde Afonso Celso, 103 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro - RJ
CEP 22461-060
Tel. (21) 2286-3299 e 2286-3682
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Livros... Joel Birman.

Sou fã dos livros do psicanalista Joel Birman, em especial o Mal-estar na Atualidade, que é a minha indicação de hoje.

Para dar água na boca, segue abaixo uma entrevista concedida à DW-WORLD, em 2006, onde o psicanalista brasileiro fala do lugar da psicanálise por ocasião dos 150 anos de Freud, observa a questão do Outro no discurso freudiano e aponta as razões da persistência do mal-estar na atualidade.
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Durante as comemorações dos 150 anos de nascimento de Freud, muito se discute sobre o lugar da psicanálise na atualidade. A teoria psicanalítica só sobrevive graças ao diálogo com outros saberes, como a filosofia, a antropologia e o cinema, só para citar alguns?

Pode-se dizer que a teoria psicanalítica sobrevive tanto no seu campo estrito, isto é, a clínica, a psicoterapia, as relações com a psiquiatria e a psicologia, quanto nas relações com os outros saberes. A psicanálise é convocada hoje para pensar as questões ligadas à política e à sociedade, no qual as suas atribuições são bem acolhidas.

Em Mal-estar na atualidade, o senhor anunciava ser "inevitável que se abra essa caixa de Pandora dos infortúnios da psicanálise" e defendia que alguns de seus fundamentos deveriam ser repensados. Houve algum progresso neste sentido?

Com certeza, houve progressos em relação a isso. O avanço da psicanálise nas suas relações com os campos social, cultural e político evidencia isso fartamente. Por outro lado, as instituições e diferentes tradições teóricas da psicanálise estabelecem um diálogo mais vivo entre si, que não existia anteriormente.

O senhor afirma que "a psicanálise encontra-se mais próxima de um paradigma estético do que de um paradigma científico ou cognitivo". Pode-se dizer que Freud é hoje lembrado apenas por sua contribuição à formação deste paradigma estético?

Apesar de que a psicanálise tenha constituído um paradigma estético, com implicações éticas imediatas, isso não quer dizer que a psicanálise não tenha contribuído para o desenvolvimento de paradigmas científicos. A constituição recente da neuropsicanálise, por mais polêmico que possa ser, evidencia a colaboração da psicanálise para constituição de um paradigma científico. Poderíamos citar outros exemplos, mas esse é o mais recente.

Apesar de muitos debates que tendem a eliminar a pertinência das teorias de Freud, O Mal-Estar na Civilização continua mantendo seu lugar nos cânones acadêmicos. De que forma este mal-estar persiste?
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O mal-estar não apenas persiste, mas as suas condições hoje são mais catastróficas. Sem dúvida, as condições do mundo pós-moderno e os imperativos da globalização retiraram instrumentos e instâncias sociais de proteção dos indivíduos, que aumentaram em muito o dito mal-estar. A quebra do estado de bem-estar social, a fragilidade dos movimentos sindicais e a rarefação da atividade política retiraram dos indivíduos canais fundamentais que pudessem protegê-los da voragem do capital financeiro globalizado.

Pode-se dizer que o senhor, como descendente de judeus romenos, manteve, assim como Freud, uma ligação com a tradição universalista judaica e ao mesmo tempo uma aversão às "ilusões da religião"?


Com certeza. Como descendente de judeus, me inscrevi na tradição psicanalítica pela sua vertente universalista, de forma que o discurso religioso não me fala absolutamente. Por isso mesmo acho curioso o retorno pós-moderno dos fundamentalismos, apesar de compreendê-los do ponto de vista sociológico e político, ligado às condições da globalização.

O senhor faz parte de um grupo psicanalítico francês que estuda os efeitos do Holocausto para a subjetividade contemporânea. Poderia falar um pouco sobre este trabalho?

Esse grupo, intitulado La psychanalyse aujourd´hui (A psicanálise hoje), pressupõe que o acontecimento histórico do Holocausto transformou radicalmente a relação do Ocidente com os valores éticos e estéticos. Nada seria mais igual como antes, algo assim como a famosa frase de Adorno, de que não seria mais possível escrever poesia após Auschwitz. De forma que este grupo estuda as transformações psíquicas na modernidade avançada, em decorrência do impacto do extermínio nazista.
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Embora Freud tenha ignorado as mazelas do colonialismo no início do século 20, ele se voltou como poucos para a descoberta "do Outro em nós mesmos". Poderia falar um pouco sobre o paradoxo deste Freud "eurocêntrico", que abriu, porém, as primeiras portas para a discussão sobre a alteridade?

A questão do Outro se encontra presente desde os primórdios do discurso freudiano. Na contramão da tradição do individualismo moderno, Freud sempre propôs que o Outro é uma dimensão fundamental para a constituição e a reprodução do sujeito, sem o qual este não poderia existir. Os ensaios freudianos sobre a cultura e a sociedade, que culminaram num ensaio sobre o Mal-estar na civilização, atestam isso fartamente.
A hipótese freudiana de que Moisés era egípcio, e não judeu, indica como ele introduziu uma dimensão de alteridade na sua própria tradição. De forma que seria preciso analisar o discurso político de Freud com mais nuance, inclusive no que concerne à tradição sionista, para não fazermos afirmações apressadas.

Ao pensar sobre a explosão da violência na cultura da atualidade, o senhor observa que ela se dá em conseqüência de "um não exacerbado à diferença". Hoje, na Europa, propaga-se a necessidade de "tolerância" em relação ao que se mostra "diferente" dos padrões europeus. Concorda que "tolerar" o Outro pressupõe uma aversão, uma vez que só tolero aquilo que, a priori, abomino ou rejeito?

Sem dúvida, a tradição européia tem uma dívida ainda não saldada com a tradição colonialista. Tanto em relação aos africanos quanto aos árabes, existe uma dificuldade de aceitação plena da diferença, de forma que a política de tolerância é um caminho inicial para superar tais obstáculos. Pelo menos é a perspectiva adotada pelos partidos mais esclarecidos para se opor à direita raivosa, que se opõe a toda e qualquer forma de imigração, sustentando um nacionalismo tacanho.

Existe hoje uma teoria psicanalítica especificamente brasileira?

Seria difícil afirmar que existe uma teoria psicanalítica brasileira. Como em outros países latino-americanos, sobretudo a Argentina, desenvolvemos uma sensibilidade para a investigação de certos temas, voltados para o social e o político, em decorrência de nossas condições sócio-históricas. Suponho que por esse viés começamos a construir a nossa especificidade, que é reconhecida pelos europeus.

O escritor israelense Abraham Yehoshua afirma que a culpa – para Freud um dos principais combustíveis da civilização – foi transferida do individual para o coletivo ( a "culpa" da esquerda, dos intelectuais, dos tribunais, das universidades, dos militares, da cidade, dos políticos, etc). É possível falar em um fenômeno de coletivização da culpa, quando se pensa sobre a sociedade brasileira?

Suponho que não existe ainda no Brasil uma coletivização da culpa, que prefiro denominar de responsabilidade. Para que esta coletivização aconteça, necessário seria que as classes dominantes e as elites brasileiras aceitassem pelo menos perder os anéis senão os dedos. Acredito que estamos ainda muito distantes disso.

Joel Birman é graduado em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Mestre em Filosofia pela PUC-RJ e doutor em Filosofia pela USP, com pós-doutorado pela Université Paris VII. É professor titular do Instituto de Psicologia da UFRJ e professor adjunto do Instituto de Medicina Social da UERJ.
Autor, entre outros, de Psicanálise, Ciência e Cultura (Jorge Zahar, 1994), Por uma estilística da existência (Editora 34, 1996), Estilo e modernidade em psicanálise (Editora 34, 1997), O mal-estar na atualidade (Civilização Brasileira, 2001), Freud e a Filosofia (Jorge Zahar, 2003).
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2 de junho de 2008

V Jornada de Direito e Psicanálise em Curitiba

As questões que relacionam o direito e a psicanálise parecem estar bem em pauta ultimamente. Só este mês, fiquei sabendo de dois ou três eventos com este tema, que, particularmente, acho muito interessante. Aí vai mais um...
O Núcleo de Direito e Psicanálise do Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná promove, nos dias 4, 5, 6, 7 de junho, no auditório da FESP, em Curitiba, a V Jornada de Direito e Psicanálise, neste ano para discutir as interseções e interlocuções entre os dois campos a partir da obra “O Caçador de Pipas”, de Khaled Hosseini.
A Jornada, reúne especialistas na matéria e consolidam o Núcleo de Direito e Psicanálise do PPGD-UFPR como um dos mais importantes e prestigiados do país, com larga projeção internacional pela qualidade da investigação de ponta que vem desenvolvendo.
Dos profissionais confirmafdos destacam-se os professores Dirk Fabricius, catedrático de Direito Penal da Universidade de Frankfurt, Alemanha; Jorge Douglas Price, titular de Filosofia do Direito e Teoria do Estado na Universidade de Comahue, Argentina; Alicia Ruiz, magistrada do Tribunal Superior de Justiça de Buenos Aires e titular de Filosofia do Direito na Universidade de Buenos Aires UBA; Felipe Pereirinha, psicanalista, membro da Antena do Campo Freudiano de Lisboa e professor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, Portugal; além de José Martinho, psicanalista, membro da Antena do Campo Freudiano de Lisboa e catedrático da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, Portugal.
Como ocorreu nos anos anteriores, no primeiro dia, 4/6/08, haverá o lançamento do livro referente às IV Jornadas, realizadas em 2007, o qual tem como título “Direito e Psicanálise Interseções a partir de “O Mercador de Veneza” de Willian Shakespeare”. Antes, porém, aproveitando-se o filme de Marc Forster (diretor suíço-alemão, famoso pelos filmes “A Última Ceia”, “Em Busca da Terra do Nunca” e “Mais Estranho que a Ficção”), far-se-á uma mostra, de modo a dar conhecimento da temática a quem, eventualmente, não tenha lido o livro. Filmado em grande parte na China ocidental, por cenários muito semelhantes ao do Afeganistão, tem diálogos da primeira fase (quando as personagens são crianças) em língua Dari, uma das principais dentre as faladas no país. Ameaçadas, quatro das crianças que protagonizaram o filme tiveram que fugir de Cabul, tudo em razão da cena de abuso sexual. Tal cena, por sinal, ligada à questão da etnia, levou o governo afegão a proibir que o filme fosse levado naquele país.
De qualquer sorte, o livro e sua temática dão a possibilidade de um encontro com a vida do tempo atual e os mais variados matizes de uma nova forma antes desconhecida do exercício do poder.
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Veja a matéria na íntegra aqui.
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Informações e inscrições:
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