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26 de janeiro de 2020

Sobre a clínica...








Fernanda Pimentel é psicanalista, professora e pesquisadora. Doutora em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela UERJ
e investigas os temas relativos 
à psicanálise na atualidade e à clínica contemporânea. 

8 de junho de 2018

Jornadas Clínicas ISEP - SEPAI


As Jornadas Clínicas do SEPAI - ISEP deste ano contam com as conferências de Marcelo Veras - O selfie entre síndromes e transtornos - e Marco Antonio Coutinho Jorge - Amar; trabalhar; deliberar, a prática analítica na contemporaneidade.
Imperdível!





Fernanda Pimentel é psicanalista e atualmente cursa doutorado em Pesquisa e Clínica em Psicanálise na UERJ, pesquisando sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.

24 de janeiro de 2017

Novos rumos da psiquiatria e sua influência na clínica e na pesquisa

Entender os rumos da psiquiatria americana é fundamental para entender a tendência que afeta a pratica clínica no mundo todo. O texto do psicanalista Marcelo Veras, publicado no blog da Subversos, explica bem as consequências que as políticas de saúde trazem para a clínica.  
Submundos
O que podemos esperar da troca do mais alto posto da psiquiatria americana, a direção do National Institut of Mental Health (NIMH)? Por treze anos a entidade foi comandada pelo notório Dr. Thomas Insel. Insel ganhou repercussão mundial quando a esperada quinta edição do DSM, que vinha sendo organizada pela Associação de Psiquiatria Americana, não foi referendada pelo NIMH no exato momento de seu lançamento. O DSM5 foi elaborado em meio a grandes polêmicas e resistências, principalmente quando o mundo descobriu o alto grau de comprometimento dos psiquiatras responsáveis com a indústria farmacêutica. Quando o NIMH desautorizou o DSM5 muitos comemoraram, pois a expectativa era de um manual ainda mais repleto de transtornos, aumentando enormemente o que poderia ser considerado uma patologia mental. Contudo, como chamou atenção Eric Laurent, em um artigo escrito logo após o anúncio do NIMH, não haveria muito o que comemorar, já que a crítica de Insel era precisamente que o DSM5 não era suficientemente “científico”, deixando entrever que o futuro da psiquiatria seria seu desaparecimento no oceano das pesquisas em neurociências[1].
As pesquisas translacionais
Efetivamente, a gestão Insel priorizou a neurociência e estrangulou progressivamente o orçamento para a pesquisa clínica. Afinal, com toda a crítica feita ao DSM, este era ainda um instrumento conectado à experiência clínica de profissionais que recebiam pacientes todos os dias. A partir de 2010, o NIMH instalou um novo critério para aprovação de pesquisas , chamado de RDC (Research Domain Criteria), que atrelava qualquer solicitação de financiamento à pesquisa translacional. O que é a Pesquisa Translacional? Trata-se de uma tendência mundial, crescente na pesquisa de doenças de todos os tipos, que visa agilizar a transferência de resultados da pesquisa básica à pesquisa clínica, afim de produzir benefícios para a comunidade como um todo. Em princípio a ideia é muito boa, pois visa reduzir o hiato entre a ciência pura e a prática clínica. As pesquisas translacionais no caso da psiquiatria envolvem sempre, em uma mesma pesquisa, tanto os genes, moléculas produzidas, células, e circuitos cerebrais, quanto o comportamento e os resultados clínicos obtidos.
Contudo, a crença de que o futuro da psiquiatria está no cérebro é tão consolidada, que solicitações de financiamento de pesquisas puramente clínicas passaram a ser sistematicamente negadas a partir dos novos RDC. A alegação do NIMH é sempre de que faltam nas propostas simplesmente clínicas uma “neurosignature”, espécie de selo de qualidade que implica a presença no projeto encaminhado de procedimentos atrelados aos pilares das neurociências. Em uma recente carta ao Times, o psiquiatra John Markowitz relata como ficou difícil propor uma pesquisa puramente clínica auspiciada pelo NIMH, já que, progressivamente, os fundos foram todos dedicados às pesquisas que incluem as neurociências. Atualmente apenas dez por cento do bilionária verba do NIMH é dedicada à trabalhos puramente clínicos[2]. 
Remédios para todos
Quem então se interessa pelos ensaios clínicos? Percebe-se que o espaço deixado vago foi fartamente ocupado pela indústria farmacêutica. Enquanto os neurocientistas se dedicam às pesquisas translacionais, a clínica psiquiátrica, na ponta, passa a ser orientada de modo cada vez mais explícito por protocolos duvidosos que levaram o consumo de medicamentos à patamares sem precedentes.
Dentre os projetos mais controversos encontra-se o Practice Support Program for Child and Youth Mental Health (PSP-CYMH), coordenado pelo Dr. Stan Kutcher. Trata-se de um programa que visa identificar patologias psiquiátricas entre os jovens em idade escolar. O programa foi largamente impulsionado por alguns crimes e suicídios cometidos por adolescentes em suas escolas, e que ganharam grande repercussão na imprensa. Nele, médicos generalistas recebem 2600 dólares por 10 horas de capacitação, para identificar precocemente possíveis distúrbios psiquiátricos em jovens em idade escolar. Assim, durante as visitas rotineiras para vacinação e demais check-ups anuais, os jovens pacientes passaram a responder a um questionário protocolizado visando identificar possíveis situações de depressão, ansiedade ou outro sintoma psiquiátrico.
A constatação foi que, com o questionário, o número de jovens diagnosticados e tratados com medicamentos aumentou para proporções muito acima da realidade. Um dos mais preocupantes métodos para identificar distúrbios de ansiedade entre os jovens é o SCARED, Screen for Child Anxiety Related Disorders[3]. Enquanto a maioria dos dados conhecidos indicava que não mais que 10 por cento dos jovens apresentam distúrbios de ansiedade, com o SCARED o numero de jovens diagnosticados e tratados foi simplesmente o triplo[4]. O questionário, elaborado pelo Dr. Kutcher, vem sendo questionado por inúmeras entidades. A crítica é que ele induz os generalistas a aumentarem ou persistirem com a prescrição de Fluoxetina em jovens que muito provavelmente não possuem patologia alguma, simplesmente problemas cotidianos do enfrentamento de situações escolares difíceis.
Chama ainda atenção que o programa não faz nenhum incentivo à escuta ou terapias não medicamentosas, simplesmente a prescrição, daí que ele vem sendo ironicamente chamado, ao invés de Educação Médica, de Programa de Promoção de Drogas.
Como então encontrar o sujeito do sofrimento psíquico? O país está dividido. Há os que apostam milhões de dólares na elucidação biológica precisa das doenças psiquiátricas, em pesquisas cuja duvidosa comprovação pode levar décadas até produzir algum sentido prático na clínica, mas há igualmente os que desenvolvem sua prática clínica em um meio completamente distorcido pelo charme da indústria farmacêutica[5].
Os devaneios podem ir mais longe. Um experimento recente[6]] permitindo que adultos pudessem atingir o ouvido absoluto[7], condição que normalmente somente se adquire na infância, levantou a hipótese de que é possível recuperar a neuroplasticidade neuronal da juventude. A partir desses dados alguns pesquisadores já cogitam uma intervenção muito mais ousada, se não seria possível apagar os traumas infantis e permitir ao sujeito um novo ponto zero em sua própria história[8]. Ignora-se completamente que nossos traumas, assim como os sintomas decorrentes, são constitutivos de nossa própria existência.
Uma bilionária foraclusão do sujeito
“Os avanços na genética humana estão remodelando a maneira como entendemos muitas doenças mentais, incluindo a esquizofrenia. Sabemos infinitamente mais sobre as mudanças de DNA… O próximo passo crítico é aprender como eles produzem a doença.”[9] Esse comentário da Dra Pamela Sklar compõe uma matéria com as expectativas de seis grandes pesquisadores no domínio das doenças psiquiátricas publicado recentemente na Revista Cell, uma das mais prestigiosas revistas científicas do mundo. Os comentadores estão todos muito otimistas e pedem ainda mais fundos para continuar a desenvolver suas pesquisas: “Precisamos declarar guerra à doença mental, que afeta a vida de uma em cada quatro pessoas, e priorizar o financiamento de pesquisas neurobiológicas inovadoras para uma melhor prevenção, diagnóstico, intervenção precoce e tratamento.”, alega no mesmo artigo Jeffrey Borenstein, daBrain & Behavior Research Foundation.[10]


Não é provável que o orçamento anual de 1,5 bilhões de dólares do NIMH tenha destino muito diferente nas mãos de seu novo diretor. Joshua Gordon assume o novo posto após uma larga experiência como professor no Columbia University Medical Center, onde é o responsável pelo currículo de neurociências[11]. Suas pesquisas, focadas na atividade neural de camundongos portadores de mutações com relevância em doenças psiquiátricas, deixam entrever que não é para breve uma reconciliação entre a Associação de Psiquiatria Americana e o Instituto Nacional de Saúde Mental. São dois gigantes de peso. Se o orçamento do NIMH é gigantesco, o aumento no consumo de medicamentos psiquiátricos no Estados Unidos tem as mesmas proporções. Enquanto em 1987, quando o Prozac foi lançado, os americanos consumiam 800 milhões de dólares em medicamentos psiquiátricos, em 2010 essa cifra subiu para 40 bilhões de dólares/ano. E assim a máquina anda muito bem. O NIMH, preocupado com suas pesquisas em neurociências, parece não ter nenhum papel regulador sobre o consumo em proporções abissais de medicamentos prescritos no cotidiano da clínica. Há cifras bilionárias para ambos na terra de Trump. Somente a clínica do sujeito continua proletária
***
Em um ambiente tão inóspito, de que modo a psicanálise pode ser ouvida? Como mostrar uma face muito pouco conhecida da psicanálise em território americano, a psicanálise aplicada? Entre genes e ratos de laboratório por um lado, e uma venda crescente de medicamento por outro, poucas vozes se levantam contra essa bipolaridade obcecada em isolar o sofrimento psíquico no corpo cadaverizado da ciência ou rentabilizado pela indústria farmacêutica. Dentre as resistências mais ativas, podemos destacar o papel atual da organização não governamental MAD IN AMERICA[12]. Capitaneada pelo jornalista americano Robert Withaker, autor do best seller Anatomy of an Epidemic, a MAD se tornou uma das mais importantes associações contra os abusos e distorções da Saúde Mental americana. Sem dúvidas é necessário conhecer e interagir com essas resistências. Nas últimas décadas, a psicanálise acumulou uma enorme experiência em hospitais, serviços substitutivos e demais projetos sociais. Essa prática mostra que o mal-estar contemporâneo pode ter outro destino que não seja o entorpecimento. O sonho americano tem demonstrado seu amargo despertar, trata-se de um mal-estar que não será tratado por nenhuma droga, tampouco por promessas genéticas que podem beirar a eugenia. A psicanálise com certeza tem algo a dizer sobre os restos que nenhum muro consegue segregar.
Fonte: http://subversos.com.br/category/coluna-submundos-por-marcelo-veras/


Fernanda Pimentel é psicanalista e atualmente cursa doutorado em Pesquisa e Clínica em Psicanálise na UERJ, pesquisando sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.



9 de julho de 2016

Exaustos-e-correndo-e-dopados, por Eliane Brum

A jornalista Eliane Brun dispensa qualquer apresentação, principalmente para os leitores do ViaFreud, que já estão acostumados a me ver compartilhando seus escritos (veja aqui, aqui ou aqui, por exemplo). Precisa, como sempre, ela aborda, nesse texto, os frequentes mal estares da cultura contemporânea. 


Exaustos-e-correndo-e-dopados

Eliane Brum
Fonte: El País
Nos achamos tão livres como donos de tablets e celulares, vamos a qualquer lugar na internet, lutamos pelas causas mesmo de países do outro lado do planeta, participamos de protestos globais e mal percebemos que criamos uma pós-submissão. Ou um tipo mais perigoso e insidioso de submissão. Temos nos esforçado livremente e com grande afinco para alcançar a meta de trabalhar 24X7. Vinte e quatro horas por sete dias da semana. Nenhum capitalista havia sonhado tanto. O chefe nos alcança em qualquer lugar, a qualquer hora. O expediente nunca mais acaba. Já não há espaço de trabalho e espaço de lazer, não há nem mesmo casa. Tudo se confunde. A internet foi usada para borrar as fronteiras também do mundo interno, que agora é um fora. Estamos sempre, de algum modo, trabalhando, fazendo networking, debatendo (ou brigando), intervindo, tentando não perder nada, principalmente a notícia ordinária. Consumimo-nos animadamente, ao ritmo de emoticons. E, assim, perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e escravo ao mesmo tempo.
Como na época da aceleração os anos já não começam nem terminam, apenas se emendam, tanto quanto os meses e como os dias, a metade de 2016 chegou quando parecia que ainda era março. Estamos exaustos e correndo. Exaustos e correndo. Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e correndo, porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já percebemos que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou um atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime, entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido a uma velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-dopados. Porque só dopados para continuar exaustos-e-correndo. Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se tornou uma barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que chamamos de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo é.

Icarus, de David LaChapelle

Os cliques da internet tornaram-se os remos das antigas galés. Remem remem remem. Cliquem cliquem cliquem para não ficar para trás e morrer. Mas o presente, nessa velocidade, é um pretérito contínuo. Se a internet parece ter encolhido o mundo, e milhares de quilômetros podem ser reduzidos a um clique, como diz o clichê e alguns anúncios publicitários, nosso mundo interno ficou a oceanos de nós. Conectados ao planeta inteiro, estamos desconectados do eu e também do outro. Incapazes da alteridade, o outro se tornou alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado. Falamos muito, mas sozinhos. Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso autorreferente, um delírio narcisista. E narciso é um eu sem eu. Porque para existir eu é preciso o outro.
Há tanta informação disponível, mas talvez estejamos nos imbecilizando. Porque nos falta contemplação, nos falta o vazio que impele à criação, nos falta silêncios. Nos falta até o tédio. Sem experiência não há conhecimento. E talvez uma parcela do ativismo seja uma ilusão de ativismo, porque sem o outro. Talvez parte do que acreditamos ser ativismo seja, ao contrário, passividade. Um novo tipo de passividade, cheia de gritos, de certezas e de pontos de exclamação. Os espasmos tornaram-se a rotina e, ao se viver aos espasmos, um espasmo anula o outro espasmo que anula o outro espasmo. Quando tudo é grito não há mais grito. Quando tudo é urgência nada é urgência. Ao final do dia que não acaba resta a ilusão de ter lutado todas as lutas, intervindo em todos os processos, protestado contra todas as injustiças. Os espasmos esgotam, exaurem, consomem. Mas não movem. Apaziguam, mas não movem. Entorpecem, mas será que movem?
Sobre esse tema há um pequeno livro, precioso, chamado sugestivamente de Sociedade do Cansaço (Editora Vozes). Seu autor é o filósofo Byung-Chul Han, um coreano radicado na Alemanha que se tornou professor universitário de filosofia e estudos culturais em Berlim. Neste livro, Han faz um diálogo crítico com pensadores como Alain Ehrenberg, Giorgio Agamben, Michel Foucault, Hanna Arendt, Walter Benjamin e Friedrich Nietzsche, entre outros. Já meu diálogo com ele é por minha própria conta e risco. Sobre nossa nova condição, Han diz:
“A sociedade do trabalho e a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram novas coerções. A dialética do senhor e escravo está, não em última instância, para aquela sociedade na qual cada um é livre e que seria capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho. Nessa sociedade coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A especificidade desse campo de trabalho é que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia, vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós mesmos. Com isso, a exploração é possível mesmo sem senhorio”.
Veja o artigo na íntegra aqui.


Fernanda Pimentel é psicanalista e atualmente cursa doutorado em Pesquisa e Clínica em Psicanálise na UERJ, pesquisando sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

18 de maio de 2016

Diálogos do Lacaneando

No ultimo final de semana de abril eu participei  - pela segunda vez - do Diálogos do Lacaneando. Uma conversa maravilhosa que teve como tema "O feminino no corpo e na cultura"
Junto com Carla Regina Françoia, professora da Unibrasil e PUC-PR, doutoranda em filosofia pela PUC-PR, Patricia Porchat, professora da Unesp e autora do livro Transsexualismo, desconstruindo gêneros e patologias com Judith Butler, e coordenado pela jornalista Patrizia Corsetto, discutimos sobre o  "O feminino no corpo e na cultura" a partir de dois eixos: a estética do corpo e o gênero.  Temas super atuais, como o impacto da cultura no corpo feminino, a obsessão pela beleza, os sintomas alimentares (anorexias e bulimias), as alterações da imagem do corpo através de procedimentos estéticos e body modification, assim como a transsexualidade, o gênero e a eterna questão de Freud "o que quer uma mulher?", foram amplamente discutidos com a participação da plateia.  



                                      





Patricia Porchar, Patrizia Corsetto, Carla Françoia e Fernanda Pimentel

 O evento, que aconteceu na Livraria da Vila, no Shopping Pátio Batel, em Curitiba, foi organizado pelo site Lacaneando e pela Livraria da Vila.


Fernanda Pimentel é psicanalista e atualmente cursa doutorado em Pesquisa e Clínica em Psicanálise na UERJ, pesquisando sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

29 de abril de 2016

Diálogos em Curitiba

Esse sábado tem Diálogos do Lacaneando em Curitiba!






Fernanda Pimentel é psicanalista e atualmente cursa doutorado em Pesquisa e Clínica em Psicanálise na UERJ, pesquisando sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

29 de julho de 2015

Sintomas da depressão pelas lentes de fotógrafa que convive com o diagnóstico


Depois de um diagnóstico de depressão, aos 16 anos, a fotógrafa Christian Hopkins decidiu processar a experiência por trás de uma lente. O resultado é uma série surpreendente de fotos que capturam as nuances pouco compreendidas desse transtorno. As imagens resumem como é conviver com este sintoma na experiência cotidiana da artista.

Fonte: BrasilPost

"Christian, agora com 22 anos, diz que fotografar como ela se sente é uma forma de catarse para lidar com seus pensamentos depressivos.
"Eu venho usando a fotografia como terapia pois ela me ajuda a lidar com muitas das emoções que eu tinha dificuldade em entender no passado", disse a jovem ao jornal The Huffington Post. "Sempre que eu me sinto controlada por uma emoção em particular e incapaz de pensar ou me concentrar direito, eu tiro essa emoção para fora da minha cabeça e a deixo presa em uma fotografia."
Depois de tirar as fotos, ela descobriu que as imagens serviam como desabafo emocional. Elas também serviam um propósito duplo: como recurso educativo para aqueles que não podem compreender com o que as pessoas deprimidas muito frequentemente se deparam.
"Espero que essas fotos sirvam para elucidar os sintomas mais amorfos da depressão, e ao fazer isso, ajudar na compreensão daqueles que - possivelmente até mesmo alguns conhecidos – estão passando por isso", disse a fotógrafa.
A série de fotografias não é a primeira do tipo, mas é uma contribuição bem-vinda em uma discussão muito necessária como essa da doença mental.
Muitos dos que sofrem de distúrbios mentais frequentemente se sentem estigmatizados, fato que as pesquisas indicam como obstáculo à busca pelo tratamento necessário.
Christian espera que transformar a doença em algo tangível seja um bom começo para acabar com esses julgamentos."
Confira a matéria na integra e a série de fotos completa aqui.







Fernanda Pimentel é psicanalista, tem mestrado em Psicanálise pela UERJ  e pesquisa sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.

 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.
http://fernandapimentel.com.br

11 de abril de 2014

Remédios contra o amor

"Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo..." A célebre frase de Mario Quintana que sempre inspirou os mais românticos não faz mais sentido na era da supermedicalização onde qualquer sofrimento merece ser tratado. 

Reduzindo o amor à reações hormonais, equipe de cientistas defende o tratamento farmacológico para curar esse sentimento e evitar sofrimento e desilusões.  Mas o que será que vai acontecer se tomarmos um comprimido a cada vez que as nossas relações não estiverem dando certo?   


O amor pode ter cura

Cientistas propõem o uso de remédios e de outras intervenções para acabar com o sentimento quando ele traz mais sofrimento do que alegria


É difícil encontrar alguém que nunca sofreu por amor. E que no auge de sua dor não tenha imaginado como seria ótimo se existisse uma pílula, algo que pudesse ser comprado logo ali, na farmácia, para acabar com o sofrimento. Na opinião de um respeitado time de cientistas, esses remédios existem. Alguns já estão disponíveis, outros em estudo. Juntos, eles formam um arsenal capaz de curar amor – e devem começar a ser usados sempre que necessário. A proposta está sendo feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, uma das mais renomadas do mundo. Por seu teor polêmico, a proposição iniciou um grande debate entre os cientistas sobre a oportunidade de se recorrer a recursos para encerrar um amor – seria mesmo adequado tratar o sentimento como se lida com uma gripe, uma gastrite? – e as consequências éticas que podem advir do uso do que os estudiosos ingleses estão chamando de biotecnologia antiamor.


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No olhar do grupo de Oxford, porém, trata-se de lidar com o tema sob uma perspectiva diferente da convencional. Existe o amor de Platão, de Shakespeare. Fala-se aqui do ideal, do sentimento arrebatador, que nasce sem muita explicação e gera histórias inesquecíveis. E existe o amor entendido pela ciência. Nesse caso, não há espaço para romantismo. A emoção seria produto de respostas fisiológicas desencadeadas no cérebro a partir de um estímulo. Sua geração faria parte do arcabouço de emoções que a espécie humana desenvolveu ao longo de sua evolução com o objetivo de garantir sua sobrevivência. O medo, por exemplo, nos ajudou a ter reações de fuga diante de predadores. O amor, por sua vez, foi o sentimento que garantiu a continuidade da reprodução da espécie. E hoje, defendem os cientistas, é possível interferir nas etapas desse processo com a finalidade de interrompê-lo. “A neurociência está nos apresentando um entendimento novo do amor”, disse à ISTOÉ o pesquisador Brian Earp, de Oxford, coordenador do grupo que estuda os tratamentos para o sentimento. “Portanto, se pensarmos que ele é algo que emerge da química cerebral, começa a fazer sentido falar em cura.”

Veja a matéria na íntegra aqui 

Fernanda Pimentel é psicanalista, tem mestrado em Psicanálise pela UERJ  e pesquisa sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.
http://fernandapimentel.com.br

18 de março de 2014

Sobre as crianças loucas

Texto da jornalista Eliane Brum, publicado em El País, sobre a realidade das crianças internadas em instituições psiquiátricas no Brasil. 


Como se fabricam crianças loucas

Os manicômios não são passado, são presente. Uma pesquisa realizada no hospital psiquiátrico Pinel, em São Paulo, mostra que, mesmo depois das novas diretrizes da política de saúde mental no Brasil, crianças e adolescentes continuaram a ser trancados por longos períodos, muitas vezes sem diagnóstico que justificasse a internação, a mando da Justiça. Conheça a história de Raquel: 1807 dias de confinamento. E de José: 1271 dias de segregação. Ambos tiveram sua loucura fabricada na primeira década deste século

"Em uma noite de novembro de 2007, a psicóloga Flávia Blikstein escutou de uma menina duas perguntas. E descobriu que não tinha respostas. Flávia trabalhava num Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) infantil, em São Paulo, e encontrava-se na ambulância para levar a garota para sua primeira internação psiquiátrica. Maria, como aqui será chamada, tinha 14 anos. Era negra, alta e magra. Falava pouco, frases curtas. Gostava de brincar de boneca e de desenhar. Às vezes pintava as unhas, arrumava o cabelo, anunciando a adolescência. Maria se molhava o tempo todo, em pequenos rituais. Abria a torneira, fazia uma conchinha com as mãos e molhava os pés, as pernas, os braços. Fazia isso em qualquer lugar, causando vergonha à mãe. Talvez Maria estivesse esculpindo com a água os limites do próprio corpo. Quando fez a primeira pergunta à Flávia, ela ainda tinha as pontas dos dedos úmidas, e o seu olhar também era molhado:
- Por que eu vou ficar aqui?
Flávia descobriu que não tinha resposta.
Maria fez então a segunda pergunta:
- Quem tá aí? Quem vai dormir no quarto comigo?
(...)
“Medievais”, “desumanos” e “criminosos”. Essas são algumas das palavras usadas para definir os hospícios desde que a luta antimanicomial se intensificou a partir do final dos anos 1970 e conquistou avanços significativos nesse século. A pesquisa mostra, porém, que mesmo instituições e profissionais que tentam fazer diferente são seguidamente vencidos pelas engrenagens e pela escassez de serviços públicos de base. Na prática, ainda hoje, é de manicômio e de vida manicomial que se trata em uma parte significativa dos casos, uma realidade só possível pelo descaso quase absoluto da sociedade com o destino dessas crianças, em geral filhas de famílias pobres. Ao fazer o arquivo morto falar, Flávia constrói respostas que precisam ser escutadas se quisermos, de fato, estancar o crime de fabricar crianças loucas – e, muitas vezes, também o de conseguir enlouquecê-las.
Raquel nasceu em 1994. A mãe estava presa por tráfico de drogas, não porque era chefe de uma organização criminosa, mas porque vendia uma pequena quantidade para sustentar seu próprio vício. Esse destino é comum nos presídios do país, é também gerador de órfãos de mães vivas. Pobre demais para dar conta dela, a avó colocou Raquel num abrigo aos cinco anos. A menina é de imediato descrita como “agressiva”. E, por esse motivo, é afastada das outras crianças. Passa a morar com o que se chama de “mãe social”, isolada numa casa nos fundos do abrigo. A escolha, como mostra Flávia, evidencia que, desde sempre, a resposta à agressividade de Raquel é a exclusão. Obviamente, também não deu certo. De abrigo em abrigo, Raquel virou aquela que “não dava certo” em abrigo nenhum.
Talvez valesse a pena perguntar se a agressividade, ao se olhar para o contexto e as circunstâncias, não era o principal traço de sanidade de Raquel. Mas o direito à história é o primeiro a ser arrancado das “crianças loucas”. Ela já tinha quase tantos rótulos quanto anos de vida: filha de presidiária, abandonada, agressiva, não dá certo... Raquel só era vista por estigmas e fragmentos."
Confira o artigo na íntegra aqui
Fernanda Pimentel é psicanalista, tem mestrado em Psicanálise pela UERJ  e pesquisa sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

24 de fevereiro de 2014

VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental

O VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental, que acontece a cada 2 anos, dessa vez será realizado em Belo Horizonte, MG.
Estive presente em 2010, em Curitiba (clique aqui e aqui.) e em 2012, em Fortaleza (clique aqui.) e achei o evento muito bem organizado e com excelentes trabalhos apresentados. Acho que em 2014 não vai ser diferente! 

Confira o Argumento da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental (AUPPF), que este ano organiza o evento em torno do eixo "Pathos e Saúde":

"A Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental (AUPPF)  visa, desde seu início, promover a interlocução entre incumbentes de diferentes  posições epistemológicas interessados no conhecimento sobre o pathos psíquico.  Tal promoção deve-se à convicção de que não existe um único saber capaz de  compreender esse complexo fenômeno humano e que só a interlocução pode  ampliar nossa compreensão. 

O VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso  Brasileiro de Psicopatologia Fundamental será encontro interdisciplinar entre o  campo da psicanálise e da psicopatologia, de um lado e, de outro, o campo da  filosofia e das Humanidades. 

1. A questão, que estará no centro do tema do Congresso, é a da relação entre  pathos e saúde, relação que deixa em aberto, indeterminada sintaticamente, a conjunção « e » do título. 

Como determinar essa relação? Tal será uma das questões cardeais. Trata-se de  uma relação de oposição, de conflito, de incompatibilidade? Uma relação de aliança,  de conciliação, de equilíbrio ou eutimia?..."

Continue lendo aqui.

Fernanda Pimentel é psicanalista, tem mestrado em Psicanálise pela UERJ  e pesquisa sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.

6 de fevereiro de 2014

Entrevista com o poeta Ferreira Gullar sobre sua experiência com dois filhos esquizofrênicos

Ferreira Gullar é um dos maiores críticos da redução de leitos de internações psiquiátricas que veio acontecendo desde 2001. Com dois filhos esquizofrênicos, ele não defende o encarceramento dos pacientes, como já aconteceu em outras épocas, mas critica e chama atenção para famílias de poucos recursos que não tem para onde de direcionar seus filhos, que acabam - como ele mesmo fala - como mendigos loucos perambulando pela rua. Ele conta mais de seu posicionamento em entrevista a Época


Ninguém aguenta Uma pessoa delirante dentro de casa

O poeta Ferreira Gullar, 78 anos, teve dois filhos com esquizofrenia. Paulo, 50 anos, vive num sítio em Pernambuco há cinco. Marcos, que tinha um quadro mais leve da doença, morreu em 1992, de cirrose hepática. Recentemente, Gullar escreveu três artigos no jornal Folha de S. Paulo sobre a falta de vagas para internação psiquiátrica. A reação dos leitores chamou atenção para uma das maiores controvérsias da psiquiatria: o que fazer com doentes mentais em estado grave? Gullar concedeu a seguinte entrevista a ÉPOCA em seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro (confira ao final desta página um vídeo com trechos da conversa).

ÉPOCA - A lei federal 10.216, aprovada em 2001, não proíbe a internação de pacientes em hospitais psiquiátricos, mas estimulou a redução de leitos. Por que decidiu falar sobre essa lei agora?
Ferreira Gullar -
 Antes da aprovação da lei, soube do que consistia o primeiro projeto. Para internar uma pessoa, a família precisaria pedir autorização de um juiz. Felizmente isso foi retirado do texto final. Imagine o que é ter em casa um garoto em estado delirante - às vezes falando sem parar da noite até o dia seguinte. Os pais tentam dar remédio, tentam conversar e nada funciona. Nessa situação, o único recurso é internar. Você sente que a pessoa está saindo do controle e pode fazer uma loucura qualquer. Imagine ter de aguardar autorização de um juiz para internar um paciente numa situação de emergência. Que juiz? Aquele que nunca encontramos na justiça eficiente que temos? Imagine o desastre que isso seria.

ÉPOCA - Mas por que decidiu escrever neste momento? 
Gullar -
 Li notícias recentes sobre o aumento de doentes mentais na população de rua. Eu já previa que isso ia acontecer diante da restrição do número de hospitais e do período de internação. Como é possível estabelecer um período de internação, determinar que um paciente psiquiátrico esteja curado dentro de determinado tempo? Quem não tem dinheiro para colocar o filho numa clínica particular fica com ele em casa até quando suportar. Muitas vezes o doente foge. Quantas vezes isso aconteceu comigo... Ele foge, vai para rua sem rumo. Ninguém sabe para onde vai.

ÉPOCA - O doente precisa ficar vigiado dentro de casa?
Gullar -
 Ninguém aguenta uma pessoa em estado de delírio dentro de casa. Só se ninguém trabalhar, todo mundo ficar em volta do doente. E se for uma pessoa agressiva? Tem que internar. Nenhum pai e nenhuma mãe internam seus filhos contentes da vida, achando que se livraram. Não estou dizendo que a lei foi feita para perseguir as pessoas. Não vou imaginar uma coisa dessas. Ela foi feita com boa intenção. Mas de boa intenção o inferno está cheio.


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Fernanda Pimentel é psicanalista, tem mestrado em Psicanálise pela UERJ  e pesquisa sobre a psicanálise na atualidade e a clínica contemporânea.
 Atende em consultório em Niterói e Copacabana.