A polêmica global sobre a silhueta anoréxica das manequins e modelos - além das atrizes, que seguem cada vez mais o mesmo padrão - parece não ter fim. Primeiro foi o uso exagerado do photoshop num anúncio da grife Ralph Lauren, em que a garota-propaganda foi tão afinada que tornou-se uma imagem grotesca, com a cabeça mais larga do que sua cintura (veja na foto abaixo, à direita). A modelo, Filippa Hamilton, foi demitida por estar acima do peso, e esteve em vários programas de televisão dos Estados Unidos e da Europa mostrar seu corpo longilíneo e com tudo em cima, e falar de como se sentia ultrajada por ter sido jogada fora.
Na semana passada, foi a vez do estilista alemão Karl Lagerfeld criticar a revista Glamour, que anunciou que não mais usaria modelos esqueléticas em suas páginas. Preferiam usar mulheres que criassem identificação com as leitoras. Lagerfeld bradou contra a decisão. Disse que o mundo da moda é feito de ilusão e fantasia e que “ninguém quer ver mulheres cheinhas”. Mais: “Só mulheres gordas que ficam comendo suas batatas fritas na frente da televisão dizem que modelos magras são feias”. A coisa esquentou.
E neste fim de semana, passou a frever, quando a especialista em distúrbios alimentares Irene Rubaum-Keller escreveu uma coluna no site americano Huffington Post que “só homens gays acham atraentes modelos magérrimas”. Em seu artigo, Irene comenta os últimos acontecimentos. Sobre Lagerfeld: “Ilusão e fantasia são maravilhosos na ficção, mas não quando se trata de gente de verdade, de mulheres que passam fome e que muitas vezes mal conseguem ficar de pé”.
A declaração repercutiu em outras colunas, sites e blogs de comportamento. A maioria contra a magreza das modelos, mas certamente contra o preconceito que veio a reboque das palavras de Irene Rubaum-Keller. Como especialista em distúrbios da alimentação, ela certamente vê com olhos ainda mais preocupados do que os nossos o rumo em que o mundo da moda está levando suas profissionais. Mas perde totalmente a razão quando brada contra os homossexuais. Como bem foi dito no site Jezebel, que repercutiu a história, o universo fashion é composto de mulheres e homens, hetero e homossexuais. Se há estilistas gays, há também muitas mulheres que fazem sucesso com suas coleções e ajudam a criar o padrão de magreza que hoje estarrece o mundo. Talvez ela tenha mirado em Lagerfeld - que também poderia ter sido mais sutil -, mas acabou acertando no que não devia.
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