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25 de outubro de 2011

E mais eventos!

 O segundo semestre vem com vários eventos de primeira qualidade para os interessados na psicanálise!
Segue abaixo a divulgação da XIII Jornadas de Formações Clínica do Campo Lacaniano, que acontecerá no Rio de Janeiro, do dia 25 ao 27 de novembro.




A CLÍNICA DO ATO
 

            “O ato psicanalítico é evidentemente, o que dá suporte e autoriza a realização da tarefa psicanalítica” (Lacan 29/11/1967). Definido como a intervenção do analista em uma análise, o ato analítico leva o sujeito a romper a repetição sintomática atingindo a estrutura que rege seu inconsciente. Diferentemente da ação, da motricidade, o ato é o que inscreve um saber e Lacan define o verdadeiro ato como uma transgressão (Lacan, 15/11/1967). Toda motricidade só tem valor de ato na medida em que promove uma mudança, como a ultrapassagem de um limiar para além da lei, um atravessamento da lei, mas é necessário “o ato analítico para iluminar o conceito de ato como tal” (idem). É também o analista com seu ato de corte que ilumina a face de “verdadeiro ato” contida no “ato sintomático” e revelada pelo “ato falho” da palavra.  Lacan situa o ato analítico como pivô do fazer do analista, e Freud nos ensina que no princípio era o ato, e o ato contém a palavra mágica que toca o real do sintoma.

       Há uma mudança no sujeito depois do ato, ele não é mais o mesmo de antes. A cada verdadeiro ato o sujeito morre e renasce de outra forma, o que faz Lacan afirmar que o verdadeiro ato, único bem sucedido é o suicídio. O ato poético é força sublimatória para criar a partir do registro da pura pulsão de morte, onde a abolição do sujeito se faz presente. O ato aponta para o âmago do ser, logo toca o gozo. O ato homicida, os assassinatos se dirigem ao gozo do Outro em uma manifestação de racismo, de impossibilidade de suportar a singularidade do gozar do outro, tanto quanto os atos genocidas. O ato político é a base da democracia e por fim como todo ato é sexual na medida em que é movido pela libido é  ele que aponta para o sujeito as raízes de seu gozo. O ato perverso tenta atingir a divisão do Outro e assim gozar com a possibilidade de driblar a castração. O ato sexual é a tentativa de fazer a relação sexual existir, e, de ato em ato, o sujeito escreve sua história.

        A ética da psicanálise concerne não ao pensamento ou às boas intenções, mas aos atos, e a clínica do ato revela a maneira neurótica sob a qual se apresenta a ética em um sujeito. De tal maneira que o sujeito vai da inibição, da postergação até uma precipitação em atuar, do ato de fazer ao de não fazer, da eterna avaliação dos fundamentos de seus atos com conseqüente paralisia à atuação no puro registro da pulsão, ou ainda situa-se na vacilação entre a inibição com a procrastinação do ato e a urgência, como demonstra, por exemplo, a clínica da neurose obsessiva.

       Na passagem ao ato, o sujeito se subtrai da cadeia significante e anula qualquer dialetização possível dos equívocos significantes, sua essência é a certeza. No acting-out o sujeito põe em jogo o real, trazendo para a cena algo que não pode ser dito, como no caso intitulado por Freud “a jovem homossexual”. Independente de qualquer interpretação e diferentemente do sintoma, o acting-out diz respeito a um resto que aponta a causa do sujeito.

      Se no âmago da análise está o ato analítico, cabe-nos perguntar como a psicanálise lida com o que justamente se faz presente fora da cadeia significante? São questões que Lacan nos propõe e que nos coloca a trabalhar o tema das nossas XIII jornadas de Formações Clínicas do Campo Lacaniano-Rio. Convidamos a todos para virem debater sobre os atos que implicam o sujeito entrelaçando o que nele é singular com o que o insere no socius.

Elisabeth da Rocha Miranda

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